Crês que os pássaros se multiplicam nas noites
Que poisam na tua mão naquela hora em que a luz é um breve riso
Chamas o crepúsculo do alto do teu alpendre...aceitas as verdades e os erros
Buscas no teu breve bater de asas...a ravina..o jardim...
O trigo confundido com os teus cabelos vulcânicos
Entorna-se numa breve mutação de luz.
Só te falta compreender a perfeição das coisas
Só te falta a sede...a sombra...
O zimbro amaldiçoado do teu peito ofegante.
Por onde anda o mundo que trazes escondido na almofada?
Quem cultivou o linho branco onde assentas a cabeça?
Sei que ficaste nua perante o céu azul-cobalto
Que as labaredas se ergueram das profundezas
Onde a angústia está presa ao lodo...
Como uma pedra que poisou nos teus ombros
E onde um após outro..todos os estilhaços das neblinas acordaram em ti
Aninharam-se nas tuas coxas onde se infiltram os ventos e as farpas
Mas a luz..fendida por relâmpagos negros
Espalhou-se pela distância..como um sinal..
Ou como uma ausência a desabar nos teus olhos profundos.