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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Como uma luz outonal e pura.

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(FOTO Leonard Nimoy)

 

Há quantos dias esperas que a mágoa se erga nos teus olhos cerrados

Que janela vez na verdade inacabada de um orgulho ferido?

Deixa que no teu corpo se acumule a fome..a insónia...a vida inteira

Deixa que nos teus olhos se acendam maravilhas

E que da poeira em sangue dos escombros abertos na tua carne

Um sonho te diga que há mais bocas...mais olhos atentos...mais ternura

No entanto..quem sabe se já não te pertences..

Se nas áleas dos bosques dorme a tua imagem...

Na recusa vive a porta entreaberta da mágoa

És tão jovem..pertences ao mundo...

Quem sabe um dia dirás que amaste..

Quem sabe se te calarás perante a neve esbranquiçada das nuvens

Porque há uma febre nas pétalas das rosas...um olhar atento..uma canção

E um dia...soltarás o sonho que guardas...

E como uma ave que se solta no efémero

Ressurgirás...como uma luz outonal e pura.

 

 

De longe....chega o verão...

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 (Foto Leonard Nimoy)

Aqui vivemos na urgência da verdade..buscamos o modo de dizer as coisas

Ardemos no instante em que as palavras nos saem da boca

Somos o silvo equidistante das lágrimas...

No ardor dos nossos dias...encontramos o impensável...a hora tardia...a voz

No canto das aves lembramos o aroma do amanhecer

Somos sossegados dias passeando pelo regaço das ilhas...

Breves velas de barcos acesos ondulam na distância

Onde está o acidulado dos teus lábios?

De onde vem o verão que nos chega da deriva dos tempos?

Como uma música ansiosa descendo da tua cintura..ondulante abelha

Sentes o sabor adocicado da romã? Recordas a delicadeza de um abraço?

Ouço-te esbracejar na teia esquecida ..canto salgado de harpa nua

Adormeces dentro de um pensamento..és o intervalo inclinado do silêncio

Tens a magnifica fadiga de uma ternura etérea

Caminhas impoluta e bela sobre todos os meus desassossegos

Minha incerta flor de aloendro...meu barco desamparado

Esqueço-me que dos teus olhos saem os meus...

E mesmo assim...sento-me na pedra lisa do poente

E vejo-te como um brilho ferido....

De longe....chega o verão...

 

Hás-de compreender os dias...

 

 

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Hás-de compreender os dias...

Hás-de sentir a mandíbula das palavras a morder-te as razões

Serás a ave que dobra o canto..voa e dorme sobre a tua história

Nas narinas da noite encontrarás o teu refúgio

Na expulsão da humidade secarás o corpo exausto

Serás o animal que com altivez cobre o rosto marcado pelas horas

Apanhas as migalhas que a nudez não cobre

Guardas contigo as frases mais belas..nunca as dizes

Sabes que nos campos se guardam vidas

E que nas longas tardes vazias há reflexos de cristal

Docemente guardas todas tuas angústias...

Dormes na noite ténue...

 

A curiosidade pela vida

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 (foto Henri Cartier-Bresson)

 

O ser motivado e curioso de saber, está sempre à procura do novo numa busca incessante de sensações que lhe alimentem o espírito, entusiasma-se com o seu próprio entusiasmo e discute e analisa os assuntos, da arte, da literatura... da vida... não vive o absurdo da sobrevivência fútil...torna-se vida e faz parte dela....