Como uma luz outonal e pura.
(FOTO Leonard Nimoy)
Há quantos dias esperas que a mágoa se erga nos teus olhos cerrados
Que janela vez na verdade inacabada de um orgulho ferido?
Deixa que no teu corpo se acumule a fome..a insónia...a vida inteira
Deixa que nos teus olhos se acendam maravilhas
E que da poeira em sangue dos escombros abertos na tua carne
Um sonho te diga que há mais bocas...mais olhos atentos...mais ternura
No entanto..quem sabe se já não te pertences..
Se nas áleas dos bosques dorme a tua imagem...
Na recusa vive a porta entreaberta da mágoa
És tão jovem..pertences ao mundo...
Quem sabe um dia dirás que amaste..
Quem sabe se te calarás perante a neve esbranquiçada das nuvens
Porque há uma febre nas pétalas das rosas...um olhar atento..uma canção
E um dia...soltarás o sonho que guardas...
E como uma ave que se solta no efémero
Ressurgirás...como uma luz outonal e pura.