Fitas o silêncio
Junto ao entardecer há um sonho escondido..uma chuva cansada...um lugar
Abres a porta da memória e respiras rotas desconhecidas
Breves partes de uma peça escrita em pedras orvalhadas..vaivém de paixões
As sombras escondidas por debaixo da pele..falam-te de marés...e de rostos
Lembras-te da noite que escorria em todas as tuas direcções?
E da penumbra que te fitava dentro da alma dos Deuses?
Nos escondidos lugares onde aporta a quilha destroçada do teu navio
Há partes da tua pele lenta....panos de linho...flores de tílias
Balouça o teu corpo no crepúsculo do amor...
Falas de ti ao vento...dizes-lhe que cintilas nas páginas abertas do tempo
E que escorregas pela sombra destapada das laranjeiras...aromas...doçuras..
Sabes que podias ter sido feliz...mas a melancolia acorda-te...senta-se contigo
E despertas em todos os caminhos por onde nunca andaste
Procuras saber qual a razão da morte...
Olhas as tuas mãos...fitas o silêncio...
E segues caminhando sobre a cinza desamparada de uma treva feliz..