Espirais de memórias
(Foto Robert Capa)
Reacendes o tempo na candura sufocante da solidão
Conheces o grito que cresce em ti..arde-te sob a pele...bem fundo
De vez em quando reacende-se a paixão..como o canto da andorinha..negro
Há espelhos a dizer-nos quem somos..dormências... ardores de pele
Com o tempo virá o caminho...o lume..o turbilhão
Será ainda possível que dos nossos corpos matinais espreite a alegria?
Crescemos dentro de um grito abafado...
Já não nos basta a pena do esquecimento...
Não deixes que as sílabas se apaguem na viagem
Sepultaremos as nossas vozes em cinzas de cidades..inesperadamente acordaremos
Reacendidos...como uma noite cansada de sorrisos..
Espirais de memórias erguer-se-ão em nós...felizes e obscuros...esquecidos
Deixaremos que o mel deslize nas pústulas abertas pelo saciar dos dedos
Deixaremos que os nossos vestígios regressem...não vale a pena caminhar
Tudo é absorvido pela ausência... mas dentro de ti e de mim...
Ainda pode haver nós...