Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Navio intocável..

images.jpg

Como um breve silêncio cintilas no gume acerado da água

Sentes a mão que afaga a cidade despida....o navio que parte...o porto

Olhas a ausência como se fosses uma febre solitária..tens delírios de sedes felizes

Pela tua fronte deslizam seixos...imagens de febres cintilantes

No vazio das águas procuras sentir as imagens que te destroem

Saudades de chamas furibundas..ainda as sentes

Mas já nada te retém...a espuma etérea apagou-se...

Levantou-se sonâmbula e triste..partiu debaixo de um sol apagado pela névoa

Já por ti passaram mil vozes depois da partida..fôlegos de espelhos feitos de lodo

Adormecem nas tuas mãos cruzadas sobre um turbilhão de sóis

Aproximam-de de ti lábios impiedosos...corpos desenhados no areal... desordenados

Na rua passeia-se o teu destino...levantam-se sombras...estremeces

Na rua há um vapor a sair de cada janela...

Uma imagem levanta-se no escuro...procura-te

E tu cristalina e pura...estás lá como um navio intocável..

Balançando nas águas escuras...

 

 

Janelas fechadas

índice.jpg

Cai sobre nós a escuridão...como um estilhaço de língua muda a delirar no escuro

Derrama-se a sombra pelos olhos...já não somos dois

Há sempre no final da noite...um travo a chumbo nos corpos separados...uma morte delirante

E mesmo perante os relâmpagos que incendeiam as paredes solitárias dos quartos

A vida corre nua..num ápice a razão desaparece...a vida fica estranha...rasgada

Há um absurdo fluir de mágoas...e a candeia húmida...exala uma tétrica luz desfocada

Já não há seios nem coxas a elevarem-se na loucura de uma paixão ansiada

Há agora uma ignorância...um espaço indefinido..estranhos devaneios

Olho o céu provocador...sinto o odor dos escombros de nós...fecho os olhos

Aspiro esse estranho jogo do coração...

Estendo a mão pela delicadeza sinuosa das memórias...sufoco

Que dimensão têm os sonhos? Que fome satisfaz a voracidade das mágoas?

Sei que há um lugar onde seremos duas janelas...insatisfeitas...fechadas...

 

Coisas que dão que pensar

 

No Alentejo foram presas catorze pessoas por andarem a roubar azeitona.Tinham em seu poder cerca de tonelada e meia de azeitonas e já era a segunda vez que o proprietário tinha apanhado aquelas pessoas a roubar.Mas azeitona que andavam a roubar era a que tinha ficado caída no chão depois da apanha feita pelo responsável da propriedade. Dizia o homem que o que o incomodava era a invasão da terra, e que até já tinha mandado espalhar herbicida por cima das azeitonas para que ninguém as apanhasse. Ora o que me indigna é que se mande espalhar herbicida sobre algo que pode ser aproveitado, e que em vez de envenenar as azeitonas não as dê a quem as queira.Neste tempo em que existe um combate ao desperdício alimentar são estas as mentalidades que temos, ainda por cima as azeitonas pertenciam a uma conhecida fundação, o que por  si explica que se deveria promover a caridade em vez de se mandar prender as pessoas, que de certeza se lá andavam era porque precisavam.

 

O verdadeiro analfabeto

O verdadeiro analfabeto é aquele que não compreende a vida, quanto ao resto somos todos analfabetos em alguma coisa, uma vez que não podemos saber tudo. Só há uma coisa coisa comum a todos nós e chama-se Viver e é no saber viver que todos nos deveríamos tornar sábios.