Íamos ao encontro das primeiras chuvas
Íamos ao encontro das primeiras chuvas
Não queríamos nada...não esperávamos nada
Éramos a música incessante da paisagem..os olhos do verão..deuses ardentes e gasosos
Possuíamos todas as chaves..a da ausência...a da felicidade..
E a da porta...
De onde talvez se avistasse uma fresta de alma coroada pelo canto das cigarras
Nada fazia sentido..tudo era o sentido..o trigo..o beijo... a alma esvoaçante
Para quê falar das coisas que acabam?
Se avistamos ao longe o desenho inacabado da luz que irrompe da vibração dos dias
Talvez a leveza de um muro de pedra no relembre a paz dos campos
Talvez o frio nos torne a apaziguar a fome do sol
E a lembranças das pétalas roxas das orquídeas nos diga que partimos
Mas há um fulgor nas janelas que abrimos...um cavalo que volteia no pasto
Que nos diremos quando o nosso nome se chamar lume?
E das sílabas se erguer um azul fustigado pela paisagem aflita?
Nada..possivelmente nada...apenas esperaremos que do profundo dos nossos olhos
Se erga a estrela...a estrela primeira...matutina
Feita com o silêncio do bafo das nossas bocas...