![paolo troiko dolor muro.jpg paolo troiko dolor muro.jpg]()
Dentro de mim revolteia uma sombra... voa..sai...e logo outra toma o seu lugar
Absorve-me como um manancial de águas..onde os cristais me miram como fogos
As chuvas acompanham-me..fustigam-me como se bebesse catástrofes pelos espelhos
Sonhei que as pedras habitavam em mim..e que nas cidades viviam inundações feitas de sonhos
Dói-me o amanhecer das tílias...reúno em mim as eflorescências dos rodoendros
Consola-me o fogo que bebo sonhando junto à lareira
E mesmo que atravesse o deserto como um vento circular
Inundo-me de nocturnos anseios e escrevo sobre o meu corpo aberto ao sol
Como se uma febre me colasse as palavras ao peito
E a claridade dos pássaros me enfeitasse
Invejo as estátuas que vivem juntos aos muros
E pergunto às noites... em que horizonte irá amanhecer?
Por onde se estenderão as migalhas que caem das cidades?
Ninguém confunde a luz com a ternura de uma boca cerzida pela linha dos olhos
É tempo de encontrar o gosto da vida...resgatá-la ao charco onde apodrece
E..de punhos cerrados...enfeitar o sangue com papoilas...