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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tomar consciência de que temos corpo

 

Levantamo-nos e não pensamos em nós, não sentimos o nosso corpo, não sentimos que existimos, andamos automaticamente, respiramos automaticamente como se fôssemos máquinas.Se nos lembrarmos de pensar no nosso corpo, sentiremos os ombros tensos, os maxilares crispados, sentiremos a tensão que toma conta do nosso corpo. Concentremo-nos, pensemos em nós, sintamos a nossa respiração...depois descontraiam-se, relaxem e verão que se vão sentir muito melhor, sentirão que estão em conexão como o vosso espírito, sentirão a vida a atravessar o vosso corpo e a vossa alma.

 

Reflexão para o final de dia

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Vivemos num mundo apressado,(isto já é um lugar comum), vivemos com a atenção sempre dispersa, pensamos em milhentas coisas ao mesmo tempo e não pensamos em nada com profundidade, um mundo onde esquecemos que existimos.Todos deveríamos fazer uma pausa para uma reflexão ao final do dia.Deveríamos desligar tudo,(ou desligar-mo-nos de tudo), tv,computador, telemóvel, esquecer as redes sociais por alguns minutos,. Depois apagar a luz e sentar-mo-nos, a seguir respirar bem fundo algumas vezes, sentir o nosso corpo, sentir que temos um corpo e uma mente, e pensar: - até que ponto me sinto agora feliz? O que é que o dia me trouxe de felicidade? O que é que eu fiz para fazer alguém feliz? O que é que eu posso mudar amanhã? Enfim fazer uma reflexão sobre o dia que terminou... Bom resto de dia, ou noite...

 

Era o tempo das constelações..

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Era o tempo das constelações...o tempo aberto ao mar e à ferocidade do mundo

Era um tempo sem respostas..um tempo onde brilhava a morte e a vida

Ao longe..alguém se despedia da fala das cidades

Alguém dizia que o sol andava descalço pelo caminho dos homens

E que pernoitava nas persianas polvilhadas de sedutores olhares

Avançar contra o tempo...era a ordem salgada do relógio...

Dormir sob o néon..era o desprezo da lama embriagada das ruas

Pacientemente construímos esse despedir de searas..esse caminho íntimo

Que brilha na auréola maravilhosa das açucenas..

Mas eis que alguém se despe da lenha seca que o consome

Eis que alguém arde nesse avançar de vida

Quem sabe se um dia a sombra da tarde se ergue..nua e bela

Quem sabe se as cores despertarão do marasmo dos pincéis

Para colorirem a orla dos bosques...com tintas de ouro fino

Onde o acaso descansará nos braços húmidos dos anéis de fogo

Eis a dispersão dos sacrifícios..eis aquilo que não sei e quero dizer

Eis a dor..o perfume sonoro das trovoadas...

Passou o tempo das perguntas..agora é tempo de amar a doce nostalgia dos portos

Agora é a altura certa para olhar de frente o clarão do infinito

Porque depois..as pálpebras apagam-se..e os regressos são impossíveis...

 

 

Se a inteligência fosse um bem transacionável

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Se a inteligência fosse um bem transacionável, se por hipótese pudéssemos ir a qualquer loja e comprar inteligência, qual seria o seu preço? Teriam os pobres acesso à inteligência? Só os ricos seriam inteligentes?

Nos nossos dias é precisamente isso que acontece, não com o  acesso à inteligência mas com o acesso ao ensino, é tão absurdo privar alguém do acesso ao ensino, como seria absurdo que houvesse uma loja da inteligência e privá-lo de poder comprá-la...

 

 

São horas de invadir a vida

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Afrouxo os olhos..o sonho penetra-me como uma sede feita de seiva

São horas de invadir a vida e quebrar o núcleo das bocas

Na inclinação das casas vejo a assombração das horas

Nos fragmentos do medo brilham planetas frios...

O tempo dobra-se..cisma que é uma névoa a perguntar pelo inverno

A música grava-se nas palavras..os dedos tecem artísticos trinados...

É a hora das despedidas

O tempo arde lentamente..desintegra-se numa gradação de palavras arrefecidas

Nada lamento..o absoluto é agora...e a alucinação corrói à velocidade do ciúme

É possível fingir que as mãos tocam em doces sonhos..requebros de amor transparente

É possível que os dedos se agarrem aos moluscos..e as prisões se cansem dos choros

É possível que um pensamento abstrato desenhe faisões sobre os tinteiros

E que as flores se cansem de ser exóticas

É possível que o núcleo das horas se desintegre numa explosão de lírios

E que as visões avassalem os homens cansados de suportar batinas e sotainas

Porque por dentro dos corpos...lateja o fogo dos círios...

Como se fossem a alma cinzenta da salvação...

 

Há estranheza no ar...

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Há estranheza no ar...

Hoje vi um gato a comer folhas de figueira...

E pensei...porque é que um gato não pode comer folhas de figueira?

Se um louco pode sonhar que é uma ave...

Ou uma baleia...

 

Caminhos e homens

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Se no nosso caminhos nos cruzarmos com um homem cheio de fome e sede..damos-lhe água e comida e ele fica saciado....

Se no nosso caminho nos cruzarmos com um homem cheio de fome de saber...damos-lhe livros e até podemos ensinar-lhe as coisas que sabemos...

Se no nosso caminho nos cruzarmos com um homem cheio de ignorância e estupidez...seguimos o nosso caminho...pois por esse homem nada podemos fazer...

 

Daqui a pouco hás-de ver o mundo com olhos de letras...

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Espera...já te peguei..já te senti...

Daqui a pouco hás-de ver o mundo com olhos de letras...e com a extremidade dos dedos

Daqui a pouco verás com os teus olhos o meu mundo..que não será o teu..

Obviamente terás um mundo só para ti...

Obviamente adorarás todas as letras e todos os poemas..

Faço questão de tos mostrar e depois..escolherás

Mas não acredites em mim...escolhe tu...
Eu só quero que digas que gostas de ir comigo à praia

Só quero construir contigo coisas que doam..de prazer..

Coisas excessivas..como dizeres que me amas...

Garanto-te que depois da mijadela que me pregaste...

Ainda cá estarei para todas as mijadelas que deres na vida

Gosto dessas coisas..desses espaços do sentir..

Desse recomeçar noutro corpo e noutro modo de ver as coisas

Gosto desse espaço em que a largura do tempo se mede em afectos

É verdade que um dia olharás para mim e verás a emoção do fim

Mas..não é por ti...é mesmo pelo fim...porque entre tu e eu não há fim..nem princípio

Nesse dia em que eu precisar do teu colo..deixa-me arrastar as pernas...

Tombar sobre a solidão de já não ter dias..

E se eu chorar é porque ainda quero saber se tenho lágrimas...

Não é porque espero a hora estreita do final..é mesmo só para molhar a despedida...

Como se fosse o baptizado de um navio..que embarca para o infinito...

 

Transpus os portais do silêncio...

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Invoco a minha carne dispersa pelo entardecer

Disfarço a minha ausência debaixo dos andrajos que me restam do corpo

Arredo-me dos caminhos...sou a gazela fugindo da secura da cidade

Um dia percorri todos os estremecimentos da luz..fiz de mim um fogo fátuo

Transpus os portais do silêncio...queimei as horas e despedi-me das sombras do meio-dia

Ceguei..porque vi descerem pequenos raios de luz sobre a lividez dos rostos

E o deserto marcou a sua passagem pelos jardins...

Caminhei devagar pelos ruídos...alguém me perguntou pelos sonhos

Interrompi os passos..abri os olhos sobre o mar

Ali estava o berço..a voz aniquilada do sol...a velhice sem lembrança

O desprezo dos ventos..morava também ali..junto à entrada daquele mar feroz

Avancei por mim adentro..lembrei-me de bater à tua porta..persegui-me

mas a lama dos poço profundos...agarrou-se ao meu caminho...

E desfiz-me numa enorme constelação de sonhos impossíveis...

 

Viver..dilatar os dias..

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Viver..dilatar os dias..deixar que os mais secretos desejos permaneçam

Ouvir os recônditos poemas que o vento trás..como se vivessem em mim todas as tuas lágrimas

Não sei que te diga..não sei descrever o amor de olhar a tua voz..e estar vivo dentro dela

Não sei se oiço o profundo gosto de te amar...partindo de dentro da existência da vida

Abrindo caminho até mim..perdida a gravidade...flutuando no mesmo espaço onde estamos

Para me ensinar todas as maneiras de te dizer que é insuportável o momento da partida

Quero conhecer o instante supremo onde o choro acorda a existência

Quero olhar o teu rosto afogado num fio de lágrima...

Que sobe..sobe por todos os instantes em estamos juntos..como se o vento morasse dentro de nós

Quantas lágrimas achas que temos dentro de nós?

Quantos encontros com a vida acontecem numa vida?

Ainda não sei..ainda não acordei do choro dilatado do começo de mim...

E quando provei os teus dedos salgados...não te disse que o infinito está dentro desse instante

Abraça-me como se se sentasses em cima da amor..beija-me como se fosses o eco dos abraços

Talvez um dia te diga que és o meu sobressalto..e que tenho a vida dos teus beijos em cada mão

Prova-me..gasta-me...encontrarás em mim a forma exata dos teus afagos

E na extensão supérflua da noite...cada centímetro do nosso corpo é um sobressalto

Um ouvido encostado ao gosto de te dizer que te amo...um desengano de sóis nublados

Quero desfolhar-te..livro-mulher...que desces ao meu abismo..

Onde mora excessivo gosto de te apertar no peito

Excessiva vida..excessivo tudo..e sobretudo..excessivo prazer no final do dia..

Em que o prazer... é uma maneira emocionada de te percorrer ..

Com tudo o que falta de mim....