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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

A sustentabilidade da Terra

Sabe-se que o aumento da população mundial será a causa do esgotamento dos recursos naturais do planeta .

Sabe-se que se deve optar pelo controle da natalidade a fim de tornar o planeta sustentável.

Sabe-se que se deve reduzir a população da Terra, para que se poupem os recursos naturais.

Mas...nos países em que a população está a diminuir e de certa forma a contribuir para a sustentabilidade do planeta, parece que isso é uma catástrofe.

 

O Homem tem dentro de si a agressividade

 

O Homem tem dentro de si a agressividade, por qualquer ninharia "explode".

Será porque a agressividade é parte intrínseca e inata do ser humano?

Será porque a nossa mente não foi treinada na arte da calma e da sensatez?

Ou será que a calma e a harmonia não estão ao nosso alcance sem que façamos um esforço para a obter?

Será que calma e a harmonia não são tão inatas em nós como a agressividade e precisam de ser treinadas?

 

A pulso estrangulei um rio..

A pulso estrangulei um rio..corrigi a haste onde a flor se empinava

A pulso partilhei a véspera dos dias frágeis..as amoras e o vento

A pulso inclinei o corpo para espreitar o ardor do sol sobre a dor das sombras

E agora respiro sobre este verão ...entornado pela cintura das tardes

Mas não peço ao meu corpo que me diga qual o fogo que o acende

Nem lhe pergunto pelos rouxinóis que embalam a secura das searas

Ainda oiço os lábios dos espelhos a dançar de alegria..a roer a melancolia

Enquanto o meu rosto assoma pelo aroma das tílias

Prefiro a insónia dos mastros a acenar pela janela

Prefiro aquele som de harpa sibilina a deleitar-se na água das nascentes

E a força das correntes a empurrar o meu corpo adormecido

Para longe..para mais longe...para o lugar onde os teus olhos me esperam

E onde os anos não passam de dias desertos...gastos...fartos...claramente azuis

Depois...arrumo o meu fascínio pelos prados..dentro de um silêncio de barco fatigado

E irrompo por dentro de obscuros espaços..como hoje..como ontem...como nunca...

 

 

Amar algo..detestar algo..o que é?

Sempre que sentimos que gostamos de algo, que amamos algo que odiamos algo...na maior parte das vezes isto acontece sem aprofundarmos os nossos pensamentos...ora a questão torna-se mais complicada, se em vez de dizermos o que sentimos em relação a algo..dissermos o que pensamos em relação a algo, nesse caso teremos que raciocinar sobre esse algo e ao mesmo tempo senti-lo...muitas vezes não o fazemos e deixamo-nos levar apenas pelo superficial...no entanto amar algo ou detestar algo não passa de uma imagem vazia, uma imagem criada pela nossa mente, um vácuo existencial, já que podemos simplesmente aceitar que todas as coisas existem por si sem termos forçosamente que gostar delas ou detestá-las.

 

Não há limites para voar... dentro de uma vida

Nem mesmo quando desperto junto às palavras desgastadas

E sinto que todas as filosofias são apenas portas outonais...

Penumbras onde a respiração descansa dos sítios agitados

Nem mesmo assim esqueço que temos uma vida a saciar..

Um revoltar de coisas antigas..um dormitar incógnito

Quem pode corrigir o medo de errar?

Quem escuta os pequenos sons que eclodem nas palmeiras?

Que vidas vivemos nestes mundos desunidos?

Ainda escuto a voz do que não existe

Ainda arrumo em mim os murmúrios arrastados das ilhas

E os abraços? Onde estão todos os abraços que demos?

Para onde foi o vento carregado com o bolor das coisas que vivemos?

Irrompe pelo ar a imperfeição da idade..as rugas falam de vidas..pequenas..grandes...

Ou apenas falam de desenhos no rosto inacabado das insónias

E mesmo que todas as vontades se separam dos corpos

E mesmo que contemos sempre a mesma história

Não há limites para voar... dentro de uma vida

Não há espaços em branco nem ossos desbotados

Há sempre a fome de todos os lugares..os ruídos de todos os passos

O aprender a hesitar...porque nada é puro..apenas o silêncio...

 

 

Somos constituídos por camadas e camadas de imagens...

Somos constituídos por camadas e camadas de imagens...a nossa imagem, a imagem dos outros, por vezes real outras vezes distorcida, até mesmo nós próprios temos uma imagem distorcida de nós. Mas porque é que vivemos de imagens? Porque é que temos que estar sempre a imaginar os outros e a nós? Não seria mais fácil a nossa vida se percebêssemos que as imagens não contam para nada?Não seria melhor para nós despojarmo-nos de todas as metástases que nos corroem? Afinal quase todos nós procuramos passar por entre os pingos de uma vidinha banal e cheia de normas, uma vidinha forjada num quotidiano onde o tempo parou e onde todos os dias lutamos para afastar para longe a visão do caixão que nos espera...

 

Os meios de comunicação moldam o gosto das pessoas

Os meios de comunicação moldam o gosto das pessoas,mas também são por elas moldados. Se colocarmos a questão de porque é que a maior parte dos programas e das notícias são baseados no vazio de ideias,no espírito da "coscuvilhice". do supérfluo e da desgraça,será porque é isso que as pessoas querem ver ou será porque é apenas isso que a televisão lhes dá?

A televisão não é como uma revista de moda ou de social ou de economia, uma revista podemos escolher comprá-la ou não, já a televisão para grande parte da população é um modo de viver, um entretenimento, já que não têm mais nada para os ajudar a passar o tempo.

Mas será que temos um povo tão inculto que nada mais lhe interessa que ver telenovelas e espreitar para dentro da vidraça do macabro?

 

 

 

 

"voyeurismo" macabro

Ainda ontem me insurgi contra a exploração da desgraça por parte das televisões e hoje não posso deixar de voltar a fazê-lo. Continua até ao vómito a exibição das imagens dos automóveis destruídos, como se as pessoas não soubessem o que se passou, ou até como se fosse possível esquecer a tristeza do sucedido. Até parece que é necessário aquele apontar de "dedo", aquele recordar constante da tristeza...aquele "voyeurismo" macabro que acaba por tornar os sentimentos em espectáculo.

 

Não há nada mais profundo que abrir as mãos e deixar escapar as sombras

Daqui..vejo a esquina que dobra os corpos..o desafio das luzes

Daqui...é só um pequeno passo para a imensidão das cidades

Uma breve ilha que atravessa a noite..um momento..um silêncio onde não cabemos

Daqui..vejo o ar emocionado dos pássaros atordoados pelo escuro

Vejo a vida que chega agrafada a todos os sonos..a todas as alegrias

Não há nada mais profundo que abrir as mãos e deixar escapar as sombras

Descobrir os cabelos brancos e perceber...que não arquivámos o amor

Se um dia dormires junto ao canto mais afastado da solidão

É porque fizeste a travessia da noite..e as açucenas repararam que estavas só

Se um dia deslizares pelas árvores..se fores uma fotografia pálida

Se adormeceres junto às conchas...

Provavelmente repararás no espelho onde deixaste o teu rosto

Daqui...vejo os segredos reclinados nos nós da madeira na trave dos quartos

Vejo a liberdade de sentir a dor... de ser apenas mais um anoitecer

De chegar e ficar apenas ali..só...a ver a lonjura do teu corpo

A reparar que o sol ainda te vigia...e que lá ao fundo...no rio..as aves descolam da água

Como se escutassem a tua mão..meio dobrada sobre a minha face

A segurar-me o corpo..a embalar-me o susto... a sorver o meu coração

Sei que debaixo dos teus olhos tudo pode acontecer

Que posso respirar a luz que me chega de todos os ângulos do espaço

Que vou descobrir onde estão todas as probabilidades de ser respiração..

Dentro da melancólica procura de mim..e de ti...