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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Pequena contribuição para mitigar os danos causados pelos fogos

Temos as televisões a abarrotar de especialistas em fogos, os debates são mais que muitos, todos dão a sua opinião cheia de basófia e de intelectualidade, no entanto ninguém fala das coisas simples que se podem fazer para preservar vidas e bens, coisas que não custam quase nada, vou enumerar em quatro pontos o que se pode começar a fazer já.

1 - Criar um perímetro de segurança(desmatado) com cinquenta metros em redor das aldeias.

2- Colocar os bombeiros a ministrar formação às populações sobre a forma de reagir em caso de incêndio, para que não haja pânico.( pode ser no inverno ou nos tempos em que estejam desocupados).

3 - Construir depósitos de água nas aldeias de forma a que a população possa mitigar os fogos até chegar os bombeiros.

4 - Construir abrigos em betão em todas as aldeias para que a população lá se possa abrigar até chegar ajuda.

 

Claro que isto não resolve o problema dos fogos mas de certeza que salva bens e pessoas.

 

O travo da morte atravessa os corpos

No apelo da luz ardem as flores

Chamas desvairadas reclinam-se nas árvores

O sabor da morte atordoa..a água é um sonho seco

O travo da morte atravessa os corpos

É o fim...é o verão..é o esquecimento dos homens

Mas há uma devassa na noite..um enumerar de árvores caídas..a pique

Na estrada derretem-se corpos e almas...rumores de outros dias

O vento inclina as chamas..acende-se nos troncos..embranquece a noite

Desliza sobre o aço e o vidro..derrete a vida indefesa

Assim se desfizeram as casas e os homens..

Assim se desfizeram no laranja esbranquiçado do fogo

Como rostos puros...ou como mãos despidas...sem força para respirar...

 

 

Um post cheio de dúvidas

 

Todos vivemos na angústia de saber qual é o verdadeiro sentido da vida.

Todos procuramos a felicidade..seja lá isso  o que  for...

Todos queremos evitar o sofrimento e as preocupações

Todos queremos a liberdade da alma e do corpo

 

O nosso corpo não passa de uma cápsula envolvendo um monte de ossos e de fezes

Não há coerência no nosso modo de vida

Todas as religiões professam a simplicidade de viver

 

 

Então porque vivemos na angústia do ter?

Então porque passamos a vida a acumular bens que não nos servirão para nada depois da morte?

Então porque queremos ter sempre mais e mais coisas que não nos servem para nada?

 

Este post serve apenas para cada um reflectir sobre estas questões...não dá respostas...apenas coloca dúvidas...

 

A minha sombra

Sentia-me só e voltei para casa,
Saí da festa com uma sensação de alheamento,
Nada lá me satisfazia...
Os risos destoados...as conversas vazias...
Ideias percorriam o meu corpo
Pediam-me o afastamento da inutilidade
Pediam-me o escuro da rua
Iluminada por candeeiros de parca luz.
À medida que me afastava dali,
Vejo a minha sombra a minguar de tamanho
Como que fugindo do meu corpo
Como se uma borracha de silêncio
Apagasse os meu traços.
Eu era rigorosamente uma sombra que se dissipa
E que se some sob a vastidão do infinito,
Como uma estrela no céu que ninguém vê
Como uma luz que não existe.
Seguia submergido em náusea
A minha sombra escura a decompor-se de mim
Num acende e apaga fantasmagórico
Mas..de repente, senti um ridículo arranque na alma...
e ri-me dessa sombra ...
Submeti-me à noite e fui avançando...
Que procuro? Que quero? Quem sou?
Dormir!....

O louco florido...

Um dia encho a cabeça de esperança
E disfarço-me de jardim.
Visto roupa florida
Pinto a cara com cores fortes
E saio à rua.
Compro um ramo de flores,
Talvez cravos...
Que são lembrança de uma liberdade esquecida
Escondo-me atrás desse ramo
E observo as pessoas...
Elas... por sua vez olham-me...estranhas...
Às crianças ofereço um cravinho
Para que lembrem aos pais
Que é sempre tempo de oferecer flores...
Aos adultos distribuo sorrisos
Que é coisa esquecida e estúpida,
Ninguém se ri para os outros na rua...
Serei o louco florido...
Apontado a dedo por gente que se esquece
Que existem flores...
E loucos que não o são!

São ridículas as lágrimas que não choramos

Aqui..nesta fictícia ficção da realidade

A nossa pele molha-se..enruga-se...e um pigmento de tempo cola-se a nós

As mãos..sempre as mãos..os calos..a falta de palavras para dizer que chega

Perguntamos ao olhos..às lágrimas...são tão ridículas as lágrimas que não choramos

Olhamos o céu..esse enorme receio de um azul infinito...

Basta... de procurar forma e motivos para viver

Chega ...de amar o que não podemos medir com a nossas mãos

Raros são os sorrisos que caem dos olhos

Pedaços de nada..euforias..lábios a que basta apenas um pouco de coragem

Dentro da cabeça giram mundos..carnes...realidades irreais

As vidas são frases..a rotina é um ardor de alma...

Continua..nunca te faltarão os limites nem a faca da cozinha

Nunca te sentirás só nas ruas desertas...

Viverás com a raridade da vida dentro de um corpo

Nas ruas agitam-se bandeiras...os dias gastam-se dentro da nossa pele

As primeiras páginas dos jornais falam de coisas absurdas..

A paz dentro de uma bomba...uma criança dentro de uma jaula

Um homem dentro de si

Deixa-te estar..e irás caindo em direcção a uma noite de chuva

A uma promessa de verão..a um refúgio que fica para além de todas as ilhas

Olhamos em volta e vemos como todos fogem de si

Uma e outra vez...amarfanhados...promissores..desencantados

E se um dia o dia não tivesse vinte e quatro horas?

Se cada um pudesse inventar as suas horas?

Talvez assim as ruas não ficassem desertas..nem o tempo se tornasse excessivo

E depois..talvez a nossa silhueta...pudesse gostar da chuva...

 

Cravámos os braços no orvalho...

 

Deslizámos os corpos sobre os amplos prados

Cravámos os braços no orvalho...entrámos na vastidão do silêncio

Sobre o areal desfilavam ardores..comíamos a felicidade das aves

Éramos aves...éramos folhas sem instantes nem limites...

Levado pelo vento...intacto

O nosso olhar expandia-se por dentro do verão

Ríamos da lonjura do horizonte...não tínhamos horizontes

Sobre a terra havia então um jogo..um paraíso..uma vontade de ser vida

Jurámos ser audazes...jurámos abraçar a eternidade do céu...fomos céu

Podemos agora dizer que fomos o primeiro reflexo da esperança

Que fomos a primeira sombra desenhada pelo esplendor da luz

Um dia largámos voo...e não voltámos a ser...instantes

Esquecemos que não havia limites...

E murchámos no interior da primavera...