Vinhas feliz silenciosa e nua...trazias contigo o coração insone..aceso
À tua volta o tempo ciciava por entre os rigores do inverno
Sabias que já não havia naufrágios e o sal permanecia agarrado ao teu corpo
Também sabias das filas intermináveis de pessoas desejosas de abraçar o mundo
Sabias do luto e da transpiração das casas
Ventos longínquos traziam o aroma de trigos e amores incertos
Rudes tons desbotados pelas lembranças..vinho e tempo juntos numa prece
Dormitas agora com a boca engelhada pelos dias de sol
Como se fosses um navio acostado aos seios quentes da maresia
A tua parte obscura senta-se encolhida junto à borda dos dias
Cantilenas espreitam dos barcos encalhados..secretos...como fantásticos fantasmas
E pensas nas cores e na gordura que cobre...
Pensas nos xailes negros que gravitam em torno de uma insónia
És como um coração de jade acabado de se dar ao mundo
Exausta ...como um retrato arrumado na gaveta mais esconsa
Ainda és tu..ali..de pé...