O sol assalta as searas
O sol assalta as searas
No ar espalha-se o aroma das giestas
As cigarras cantam hinos nessas horas de delícia
Quando o branco caiado das casas adquire os tons claros da aurora
O céu carrega-se de um azul-alentejo
E amaina a perdição dos dias
A vermelhidão do sol incendeia-me
Sou como estrela coberta de poemas
Escuto a campaniça
Na imensidão da planície há sentimento, vozes pacíficas, Cante
Reminiscências árabes
A vida voa baixo com as abetardas
Há um silêncio de cegonhas..um turbilhão luz
Há uma vertigem que ecoa na doce plumagem das vozes
Escuto os seus segredos junto às ribeiras
A luz desce para as águas
Essa luz gigantesca que se senta nas margens..e assombra os juncos
E há em mim um vidrar de garganta
Um emudecer de olhos pasmados pela poalha que cai...
Sobre o dia que finda.