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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Imprimimos os nossos rostos no vagar dos pássaros...

 

Imprimimos os nossos rostos no vagar dos pássaros...

Voámos no sentido longitudinal de nós

Fomos crer e dança acrobática..fomos lágrimas verdadeiras a sulcar a pureza da tarde

Nos teus olhos pousei o meu sorriso feito de searas

Nas tuas mãos descobri versos...eras a misteriosa Safo...

E eu percorri esse teu rio de palavras...e na plena harmonia da manhã...

Foste o claro mar que afaga os gestos...

Era o tempo em que flores azuis despontavam na brisa matinal

E era o tempo das roupas húmidas e da espuma vagarosa que corria pelas velas brancas

E sabíamos que por dentro da dor imensa das palavras..adejavam letras...versos..textos...corpos

E sabíamos decifrar os hieróglifos da alma...

Percebíamos que qualquer pedaço de amor era uma vitória sobre o desencanto

Era um emoldurar de paisagens opalinas...uma dor roída pelas rugas dos dias

Uma versão inacabada de todos os musgos que penetram na bruma das casas

E consomem os dias..e consomem o frio..e consomem o postigo por onde te espreito

Deixando um rasto de névoa... na penumbra adocicada do teu perfume

Para que eu saiba que foste tu...

Que aqui estiveste...

 

Design your own disaster.

Ontem passou por mim uma rapariga que trazia uma camisola com as seguintes frases:

Bad things make good stories. Design your own disaster.

Não posso estar mais de acordo, são as coisas más que nos fazem apreciar as boas, e são as coisas más que nos dão as boas histórias...

 

É preciso amar a ausência de medo.

 

Saint_Augustine_by_Philippe_de_Champaigne.jpg

O futuro é intangível.Ao futuro nunca chegamos porque está sempre para além de nós. Então porque é que vivemos com medo do futuro? Porque é que temos medo das coisas que o futuro nos possa trazer? Viver com medo do futuro não é viver. Temer o futuro é viver num constante medo da vida.Temer o futuro é viver um temor irracional que só terá fim com a chegada da morte.

Santo Agostinho(filósofo e teólogo cristão,nasceu em 354 morreu em 430 dizia:

" A vida terrestre é uma morte vivente, ou uma vida morredoura, por isso o que é preciso é amar a ausência de medo".

 

Na amnésia da noite

Na amnésia da noite está o espaço que medeia entre o teu caos e o meu deslumbramento

Na tua voz se deitam os momentos em que os sonhos tecem delícias

O vento vibra..alagando todos os sentimentos com uma sede de areia

Como se translúcidas veias se erguessem na pele ensonada do tempo

Aqui está a cavidade onde o coração se derrete em flocos de sabor amargo

Ali vai a suave seda que te toca a parte íntima da pele

E rodopiamos..rodopiamos num bailado feito com a ferrugem das algas

Descobrimos recônditos seres que se escondem dentro do nosso olhar

Sabemos agora que caiamos a nossa vida com a brancura dos moinhos

O vento sopra na nossa enfunação de almas que ondeiam na tarde lamacenta

Bandos de pássaros esperam pela vegetação do estio..são pássaros entrelaçados na lentidão de nós

Pássaros complexos..livres do espaço e das pontes quebradiças das coisas que não querem

E nós... em pontas dos pés..erguemos o nosso ballet gelado

Como convém àqueles que se libertam das estátuas volúveis e absortas

Que passam o tempo acenando... inúteis como sombras na água...

Tentaculares como memórias apócrifas..que apenas ocupam o espaço demolido da alma

Ao mesmo que tempo que tomamos minuciosos banhos de corações assombrados

Arejamos o sono..e cobrimos o final da tarde com uma moldura presa na parte hesitante do dia

E olhamos a profundidade das asas das borboletas que vagueiam pela nossa vela acesa

Como sonâmbulas..ou como fantasias de uma tarde perdida...

 

 

Abram o meu corpo

 

Abram o meu corpo com os vossos bisturis

Perscrutem a minha alma inacabada

Descubram a minha pureza de ser gente

Vivendo entre o irreal e o descontente

Já que vendi os dias e comprei o nada

 

 

De noite ouço um murmúrio

Feito de um frio que vibra num canto obscuro

É a guerra a querer a paz?É a paz a desejar a guerra?

Serão plácidas flores a despontar na terra?

Ou são os meus olhos fechados ao vento escuro?

 

Nesta profunda ilha de flores absortas

Durmo nesta praia ...abraço as ondas

Desfaço-me em espuma... ergo as horas mortas

Desperto do sono...e despejo a alma nesta poltrona

 

A banca hipócrita

Enquanto de mantiver a hipocrisia da banca o mundo será sempre um lugar perigoso.Nestes tempo de globalização, em que se critica o endividamento das famílias e dos estados, o sistema bancário não sobreviveria sem esse endividamento, toda a economia passou a viver do crédito, o crédito é o motor que move(mal) a economia, e enquanto os bancos tentam vender o seu dinheiro a qualquer(bem pago) preço, as pessoas caem na esparrela dos empréstimos para tudo e mais alguma coisa..até ao dia em que há uma crise e todos ficam a perder, todos não, os bancos estão sempre a salvo, há sempre os papalvos dos povos que entram com o dinheiro para os salvar. Ninguém duvide, os bancos e as multinacionais mandam no mundo, nós somos meros espectadores(pagantes) das manigâncias que o capital e os governantes dominados pelo seu poderio nos querem fazer.Basta ver a vergonha que é o aumento das comissões bancárias, despudor que ninguém no governo critica, ou se critica é muito baixinho....

 

 

E se do sonho se erguer um tecto

 

E se do sonho se erguer um tecto..e das palavras se erguer um astro

E se a vida se revestir de um metálico acenar de aves

Brilhos nascerão dentro do esplendor da imaginação

Mas nenhuma voz te dirá qual o peso das cores que há em ti

Nem que séculos te restam para chegares ao sagrado corpo do mistério

E mesmo que corras pela superfície de intemporais rios

Mesmo que Deuses bramem sobre o declínio velado dos corpos

Mesmo que na inteligência do tempo a vida seja uma serena amnésia

E das trevas impávidos anjos se apartem dos silêncios

As árvores erguer-se-ão como altivos adamastores na fímbria dos mares

Gigantescas névoas eclodirão nas planícies irreais...

Ali... onde vivem escuras faces crestadas pelo frio das sombras

E calejadas mãos clamam pelo cardo dos dias...

Como rostos fechados por cortinas de águas puras

Fala...diz que dos escombros se levantam homens com feitio de lobos

Que no Natal os sinos dobram pelos adros dos homens sem Natal

E que do sítio onde cairás nascerá um olhar molhado pela brisa incontida do silêncio

Vem..diz-me que palavras ornamentam a tua sede..que terramotos embaciam o teu olhar

Não te basta o lume? Não te chega a alma? Que guerras se ocultam no íntimo das tuas gazuas?

Que água cai sobre os teus pés em flor?

Esquece o suícidio dos sóis..esquece as ruas onde o tempo é um débito extasiado

Esquece as figuras que trazes cingidas numa cintura de paisagens esquecidas

Mas não esqueças o passado inacessível dos dias em que te esqueceste de ti

Nem a lua que emerge da tua voz...

Como se fosses uma vasta paleta de rostos onde foste rosto e alma

E que agora descansa na imortalidade de seres apenas...tu!

 

Tudo me fala de risos suaves

Tudo me fala de risos suaves e de luzes que se dissolvem na linguagem do mundo

Digo adeus à brisa rasgada por olhos de sonho

Embarco as incertezas num barco sem medos.....

Quero fascinar destinos..sorver tardes amenas e amedrontar o musgo das colinas

Poderei eu ser o bosque que se ergue dentro do meu sonho?

Poderei eu capturar essa estranhíssima flor que desagua dentro de mim?

Tantas vezes a minha mão se ergueu para tocar no destino

Que me basta agora um pouco do teu rosto para amar o cansaço dos dias

Cintilam saudades perante o vazio dos sonos

A noite planta-se nas arcadas das grutas....garças voam em órbitas de vidro

Por detrás dos postigos os barcos dançam presos às teias luminosas das ondas

Há um fantasma de fósforo e sal preso na trança das algas

Há uma esperança filiforme a acenar enquanto os loucos explodem de riso

E nós a querer saber o nosso nome...a perguntar pela origem foliácea do nosso corpo

A questionar os fundamentos das coisas a que não podemos aceder

Como barcos perdidos na distância da nossa mão..em chagas...

 

 

 

 

Finlândia...a escola modelo....

 

Agora que um novo ano lectivo está prestes a começar, é bom saber que em certos países se olha para o ensino como ele deve ser entendido. A Finlândia, país que não possui reservas minerais, aposta no ensino como o seu maior recurso. Na Finlândia o ministério da educação não se imiscui na vida das escolas, tudo funciona na base da confiança, assim, o ministério confia nos directores das escolas, estes confiam nos professores e por sua vez estes confiam na capacidade dos alunos para aprender. Neste país todos os professores têm um mestrado de cinco anos no ensino, durante cinco anos vão para as escolas aprender a ensinar. O ensino, os livros e até  as cantinas são gratuitos até aos dezasseis anos e os professores almoçam na mesma mesa que os alunos, aproveitando assim a hora das refeições para os ensinar a estar à mesa. Em cada sala de aula estão quinze alunos e dois professores, um deles é para ensinar os alunos que tenham mais dificuldade ou com necessidades especiais. Os currículos não mudam sempre que muda o governo, os currículos só são alterados de seis em seis anos, independentemente dos governos. A escola finlandesa não ensina apenas matemática ou ciências ou outras disciplinas, a escola ensina a trabalhar a madeira, o couro, a costurar, a cozinhar, a higiene, a música,( com instrumentos musicais), e outras artes. A escola proporciona às crianças um desenvolvimento cognitivo que lhes permite saber o que querem fazer no futuro. Na Finlândia não há ranking de escolas, são todas boas, e eles,( não perdem um tempo que é precioso para ensinar), a fazer rankings. Falta dizer que este sistema levou entre dez a vinte anos a ser implementado.

Agora que já temos o modelo, falta apenas o visionário que o implemente em Portugal.

 

Fora de ti está o teu lugar..

 

Fora de ti está o teu lugar...na pele das letras escreves ...solidão

Procuras renascer em todos os minutos...queres ser um segredo...um código...um luar

Queres um lugar onde a luz te traga uma vontade violenta de seres terra

De seres sonâmbulo num caos de pessoas felizes

Através do corpo das palavras as vozes chegam até ti...como uma cacofonia de desesperos

És o pequeno ápice...o pequeno sinal onde te apartas do teu próprio segredo

És borboleta fantástica que inventa Deuses fantasmagóricos

Não abdicas de encontrar um lugar onde possas repousar o pensamento

Um lugar anilino..feito de relâmpagos atados nas teias dos teus passos

Onde a tua voz te escuta...como uma lágrima colorida por fantasias gastas de paixão

E onde possas descer da cruz... que te carrega!

 

 

 

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