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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Coisas que chateiam....As beatas na praia

 

beatas_-oeiras.jpg

 

De entre as várias coisas que me incomodam, uma delas são as beatas(pontas de cigarro)...(as outras também ...mas menos),na praia e até na rua.Acho que deveríamos importar o exemplo de Singapura, onde cuspir ou atirar pastilhas elásticas para o chão, dá direito a prisão, aqui faríamos o mesmo com as beatas,(pontas de cigarro). Estive há pouco tempo em Angra do Heroísmo e não é que existem cinzeiros na rua e não é que as pessoas colocam lá as beatas,(pontas de cigarro). Em algumas praias há recipientes para colocar as beatas,(pontas de cigarro), mas mesmo aí também há pessoas que discretamente as apagam na areia e por lá ficam a conspurcar o espaço que é de todos, mas que alguns pensam que é só deles... mas também há bons exemplos, no Algarve vi uma senhora que trouxe de casa uma garrafa com água e era dentro dela que apagava os cigarros. Quero deixar aqui uma sugestão, ou várias...beatas (pontas de cigarro) na praia NÃO, deveria dar direito a expulsão do areal, ou multa igual ao tempo que a beata leva a decompor-se, parece que é cerca de 500 anos. Cinzeiros na rua já, e quem não colocar lá as beatas, (pontas de cigarro),deve ser obrigado a fumá-las com  filtro e tudo, até não restar nada, ou ser multado num valor semelhante a...uma ida ao dentista...pelo menos...pois parece que as pessoas têm tanta relutância em serem civilizados...como em ir ao dentista...

 

Medo e aparência

Medo e aparência são a pele submersa do nosso sentir. Diz Anna Arendt "que o homem corajoso não é aquele que não tem medo, mas aquele que decidiu que não o quer mostrar:" A aparência é a nossa superfície, é sob o manto da aparência que mostramos ou escondemos as emoções, podemos mostrar coragem e esconder o medo, mostrar alegria e esconder a tristeza, mas há uma coisa que medo e aparência não podem tapar, é a maneira de como nos revelamos a nós próprios, e essa revelação é a principal seda que cobre a forma como desenhamos em nós...a nossa aparência.

 

Parte de nós apedreja o infinito..

 

Na fragrância macia da noite... despertam eclipses...dentro dos nossos olhos...

A liberdade vagueia pelas páginas súbitas da solidão

Há um silêncio de suicídio onírico...a enfeitar a flor ácida do sonho

Há navios feitos de golfadas de marés... desalinhadas pelos horizontes desfeitos

E nas costas dramáticas dos areais...há bússolas encantadas pelos desertos

É tão simples vaguear pelas ruas longínquas da noite

Sugar as estrelas com palhinhas coloridas

É tão simples emancipar as mãos...acenar ao mundo nocturno da alma

Libertar as antigas fotografias das paredes...soçobrar com elas...

Saber que dentro das fotografias as almas se condensam...em rostos sem significado

E a noite incendeia-se....o sonho sangra apoteoses congestionadas

A alma é um leque que seca o outono..e as flores são ruas coloridas pelo lastro da lua

Fumegamos nos nervos das manhãs..rompemos as órbitas bíblicas do sol

Dramáticos navios colam-se à nossa pele...estamos perto do silêncio que emborcamos nas esquinas

Coloridamente prometemos realizar sonhos..conquistar véus..descobrir a seda que nos cobre

E parte de nós apedreja o infinito...outra parte fumega sentada no baloiço ambíguo das florestas

Brincamos..corremos na lívida noite do amor...

Como chaves desertas...como fechaduras desencontradas...

Como fachadas enterradas no fundo dos olhos estilhaçados da solidão

Como episódios gastos pela aura de uma terra antiga

ou como extensas sedes a dormir na paz das ruas ...

Vazias...

 

Somos líricas presas do destino...

E vem um dia...e outro..e estamos suspensos na crucificação das nossas almas

Da cidade saem sorrisos...confissões de pedras sob o calor insuportável dos relógios

Quem sabe se o segredo da chuva mora num ninho de coruja

Quem sabe para onde escorrem as goteiras quando as certezas se tornam árvores

Vejo nas anémonas a poesia vazia das flores caídas

Vejo nos segredos a alma estonteante das folhas arrastadas pelo vento

Vejo a lua espetada no pontão salubre do cais..a apontar horizontes de Magalhães

A criar crisálidas impossíveis...a crucificar lâminas que rasgam as ilusórias estrias das casas

E os olhos enferrujam..as gaivotas embalam marés incógnitas

E nem dentro da nossa consciência...descobrimos os farrapos que nos cobrem a alma

Somos líricas presas do destino...somos a boca aberta da chuva

Somos a ruína antropomórfica de nós mesmos...somos o ontem e o depois

Como marinheiritos de cristal subimos a pulso os novelos desfiados dos dias

Até que dos areais se ergam pedaços de palcos débeis..desajeitados...

Como a fantasia que nos cobre a geometria assimétrica dos sonhos...

 

Seduz-me a água

Seduz-me a água que corre sob os fundos calados do magma

Seduz-me o fogo inexistente nas rochas negras...nuas como sangue exorcizado

Vertendo negruras pelas vértebras instantâneas das sombras

Alastra o pó em redor de um eixo imaginário...luz e universo fundem-se numa asa de cristal

Na terra ...extensas mãos conspiram sob débeis sóis alucinados

Há tão poucas horas para se ser ave...tão pouco tempo para lavar as vertigens

Que na brutidade vazia do mundo..as coisas inclinam-se em gritos intransmissíveis

E o mar...e os gritos...e a s rochas que cobrem a água exacerbadamente pura

Dizem-nos que das folhas caídas nascem voos de pássaros

Que debaixo dos nossos joelhos...há um lugar vazio...uma cidade que se escancara...

Como um lago extinto onde as árvores já não espalham sombra

E é assim...o dia alastra...dói...espeta-se no punhal dos dedos...

Na conspiração dos becos estreitos há uma pele áspera...imóvel

Como lábios que esperam a luz carregada de poeira...

 

"Ninguém poderá existir sem amar"

"Ninguém poderá existir sem amar"* todos amamos algo, o amor é a manivela que desliza pelos olhos do mundo, movendo-o e movendo as pessoas, contudo a ninguém é possível dar uma ordem para se amar qualquer coisa, essa vontade de amar nasce em nós, como se fosse a raiz de onde crescerá a nossa vontade de viver...

* Inspirado em Santo Agostinho

Imóvel está a noite...

Desgrenhadas flores cobrem o espaço trágico dos abraços

Altivas papoilas espreguiçam-se nos cantos rectilíneos das cigarras

Imóvel está a noite...absorta está a espera

Beijos cruzam o espaço das janelas

Há espuma de granito na terra agoniada

Cabelos brancos fecham-se em veios de areia

O homem cai...consolado pelo calor do vinho

Gratuitas pontes ligam longínquas luzes...há um luar imprevisto em cada olhar

Há uma ardósia a florir na seiva gasta das espáduas

Atravessamos o tempo como sabres amortalhados

Como urgências trágicas que pisam evasões...

E porque não dormir debaixo da nossa incoerência?

Como se fôssemos o sonho antecipado das rochas

Ou como se distribuíssemos música pela angústia das ruas

 

Viajamos no tempo das mãos

Cobrimos o corpo com a luz que se entorna dos castiçais

Selamos a vida com um límpido retesar de bússola

Queremos a rua..queremos os nossos estilhaços

Queremos voar nas costas dos pássaros

Enquanto acenamos aos suicídios oníricos dos eclipses

Como deuses loucos..desertos... rodando no turbilhão das areias

Exaustos como chaminés saturadas de corpos frios

Letárgicos como luas cravejadas de passeios

Somos nós? Somos invariavelmente nós?

Ou seremos a estátua que guarda o jardim das traseiras?

O jardim que pensa que as árvores são apenas seiva vazia

Como débeis casas..sem ninhos nos beirados...

 

 

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