Como ventos soltos...
Vê como os passos esculpem o chão nocturno
Vê como a desordem da luz se espalda nas sombras
E como a evidência dos gestos é apenas uma obscura razão de estrangular as mágoas
Corres...tu e eu... em direcção à corrente absorta dos sonhos
Foges...tu e eu...ao frio que desfaz as correntes silenciosas das marés
E somos ondas de mar...e somos transparências de luar cru
Correndo pelas veias doridas das manhãs de cristal
Aqui estamos...rasgados pelo silêncio vazio do mar
Perdidos como corpos em baloiços que alastram pelo vento
Estranhos como guerreiros espantados...
Abandonados ao sabor das asas deformadas dos abismos
Gravámos o nosso corpo numa tarde sem forma nem razão
Liquefizemos os nossos dias...perdemos as tardes e as árvores
E agora...cruéis...abandonados...respiramos o tempo deformado das auroras
Como horizontes sem corpo nem memória
Como ventos soltos...no escuro de uma estrada....
Sem fim...