Verão
Há em mim uma tristeza sem tempo
Seara de oiro polvilhada de pétalas vermelhas
Verão de sol viscoso
Onde o canto das cigarras se empoleira nos ramos das oliveiras
Há em mim as rugas de um tempo em desalinho
Um frio feito dos arranhões dos dias
Um tear onde a minha alma tece o cabelo hirsuto da melancolia
E se debruça pelas sementeiras do degelo das mãos
Como se a plumagem dos dias fosse apenas uma rama seca...
Que se esqueceu de florir.