A geometria dos girassóis
Há no vazio de cada hora um sonho liquefeito
Há uma pureza que flutua numa ausência de gestos
Rostos de pedra muda a entoar cânticos obscenos
Metálico cerrar de dentes...lume afoito a consumir a imaginação dos dias
Em nós a luz tornou-se um símbolo..um tilintar de cores...um sorver de sóis
Oxalá eu escutasse essa música do nada
E percorresse a geometria dos girassóis com as minhas juras de outono
Viajo pelas linhas ofuscantes do pensamento...há tanto vento no tempo
E os corvos..essa aves de bico ensimesmado que crucitam eternidades de pedra
Não sentem o frio que se avista pela janela infinita
São completamente alheios à liquefação dos homens
Nunca pousei a cabeça...nem por um instante...na amurada de um navio
Nunca sorvi essa sensação de boiar numa imensa constelação de férreas águas
Fecho os olhos..agarro-me à pegajosa teia do sol
E pressinto que por dentro de mim...há um manancial de palavras
A engrossar a lírica veia dos poemas...