No tempo de um instante
No tempo de um instante voltamos ao subúrbio das memórias
Grito de um pássaro apocalíptico a ondear na crista da espuma
Mar mais que praia tecida na pele do espanto
Dor mais que ser encoberto pela claridade do ser que tacteia a luz
Dia de ser gente aberta ao tédio do vento e da humidade
Ó vida de espuma e barco que roça pelo nosso corpo dorido
Ó espécie de fantasma cativo na placidez de nós
Ó mão que puxa o fio invisível da cinza que nos cai dos olhos
E o sangue que jorra como um braço entornado pela languidez dos corpos
E a ferida que inculca nos ventos calmos um choro de espanto
E a enternecedora pele do outono que se derrama pela mão que segura a tremidez das flores
Comparo a tempestade a uma criança que medra num canto do tempo
Íntima gaivota que poisa no cume desfeito dos segredos
E nós que já não sabemos o que esperar da circuncisão da vida
E nós que cabemos inteiros na perfeição das papoilas
E nós..secretos...segredos...plumas de agonias...
E nós...serenos...