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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Só o 12ºano já não chega...

 

Portugal tem falta de doutores. Portugal é um dos países onde se pagam dos mais baixos salários. Uma coisa está ligada à outra já que quase sempre os alunos com mais dificuldades económicas são os que têm mais dificuldade na aprendizagem. Sabemos que o acesso ao ensino e à cultura são o motor de desenvolvimento de todos os países, então é preciso democratizar o acesso ao ensino superior, e para isso não é apenas necessário que os politécnicos formem doutores, é preciso apoiar todos os alunos com fraco poder económico. Para remodelar o ensino é preciso aumentar o nível de educação, hoje o 12º ano já não chega, é preciso que o ensino obrigatório passe a ter em conta a universidade ou os cursos de formação profissional, o ensino obrigatório deve passar dos actuais doze anos para quinze. Tem que ser feita uma alteração ao financiamento das universidades, os alunos não devem pagar propinas quando estão a tirar os seus cursos, devem pagá-las depois de formados e depois de terem arranjado emprego. Hoje um dos negócios da banca é emprestar dinheiro para os alunos pagarem os mestrados, quer dizer que os alunos quando entram no mercado de trabalho já estão com dívidas contraídas. Também neste caso os mestrados devem ser gratuitos e só devem ser pagos(em prestações), depois dos alunos encontrarem emprego. Podemos aceitar que o estado não tem dinheiro suficiente para suportar este tipo de ensino, mas a verdade é que esta reconversão do ensino universitário só custa nos primeiros anos, depois à medida que os alunos formados comecem a encontrar emprego e a pagar as suas propinas e mestrados, o ensino vai novamente ter uma fonte de financiamento, além disso as universidades podem captar dinheiro fazendo acordos com mecenas e com empresas. Uma coisa é verdadeira, o ensino e o sistema de ensino têm que mudar para fazer face aos novos desafios.

 

Quantas vezes

 

Quantas vezes,deitados, insones, esperamos a chegada da manhã.

Quantas vezes preenchemos a noite com milhares de pensamentos desencontrados.

Por vezes,vozes sentam-se ao nosso lado, compartilhando a nossa embriaguês de pensamentos

Vozes que tacteiam por dentro da nossa alma, que nos esventram as histórias que nunca vivemos, mas que pensamos ainda viver.

Depois, a manhã desponta. As olheiras falam-nos da noite que nos deixou um sabor acre a melancolia. Olhamos para o espelho com os olhos esventrados de tédio e frio. Aturdidos vestimos a fatiota com que vamos enfrentar o dia. O dia, aquela luz vertical que nos ofusca o olhar encoberto pelos óculos de sol, onde por detrás se esconde a nossa fantasia de sermos pessoas inacabadas.

 

Em todas as ruas

Em todas as ruas há uma espuma esquecida

Boca de coração a fingir espasmos de amor

Pairas onde nenhuma água brota... como uma pele pálida e seca

Onde as sombras vão beber a ternura de um sopro esquecido

E onde tudo o que é esquecido é uma fonte de ruas compridas...e mortas...

 

 

No viço da tarde...

A minha mão cresce para o dia...

Como uma pedra que rola pelas folhas mortas do sonho

Os meus olhos descem pela parede sombria dos pátios

Como a neve que beija as janelas fechadas.

 

Parti o tempo em pedaços... adormeci numa casca de nevoeiro

É a altura de ser vento e vinho... de retornar à floração das ruas

De dormir num floco de cinza e beijar a tua boca de ave perpétua

É altura de quebrar o gelo e amadurecer o sonho

De guardar o negro das noites numa jarra de acácias tardias

E assomar às palavras que florescem no viço da tarde...