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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Laje seca...

Laje seca... para além de ti há uma ferida que bebe o cálice de outras eras

Cálice imerso em preguiça e tempo...meta de trópicos desfolhados por instantes

Desencontro de lavas oceânicas imersas em passados de vagas memórias

 

No fundo das vozes há um abrigo de pele e seda

Princípio de outras eras onde a nossa pele se desfazia em sede de saudades

Entrego aqui as minhas mãos roídas pelo zinco dos dias

Deposito além os meus olhos fundidos no amarelo das acácias

quantos passados passaram por mim?

Quantos me disseram que respirar é o mesmo que habitar o corpo da vida

Já não sei...só sei que continuo a respirar

E a dizer que amo todo o vento que escorre pelas fachadas do meu corpo

O vento que faz abanar as gotas penduradas nos meus portões de ferro

E as terras e os lagos e as candeias que ainda se acendem nas noites frias do medo

Que me despertam como raízes de cruzes encerradas no fresco da noite.

 

E se de repente uma revelação se pendurasse nos ramos luminosos das gaivotas

E se todas as frescuras inexplicáveis das ervas me contassem

que traições vivem no esboço de cada pessoa

Agreste silêncio... infinito rio correndo sobre as dores das horas

Coincidência de mão a tocar o destino das portas cerradas

Futuro devorado pelo presente...brisa de pavores serenos

Voz inteira que ri e chora na penumbra roída das chamas indefesas.

 

Se eu pudesse guardava na minha algibeira todos os quadrantes e todos os sóis

Se eu pudesse correr como uma vela sem tempo nem alto-mar

Dormiria sobre a carne nua das marés...contigo a baloiçar...

Dentro de mim.

 

 

Amor de luz...

 

Meu luminoso astro feito de luas entrançadas

Terra magra aberta ao cio...carta magna....navio

Quem nos liberta do frio?

O amor....

Amor que gira na surpresa dos astros

Amor que o mar cala de tanto calar

Amor de de tantas cores...de tantas arestas

Universo de barcos e velas a revoltear nas índias

Amor de um além azul-escuro...bravio sal de flores ensonadas

Amor de luz...de hálito a campo molhado

Quem se lembra da medida da escuridão quando o amor se esvai?

Quem sabe quais são as flores que nascem num sentir seco?

Quem conhece a densidade de um sentimento sabe que o amor

É o instante exacto e puro...

Onde o tempo deixa de existir.