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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A sabedoria dos povos primitivos...

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Uma equipa de televisão deslocou-se a uma aldeia africana a fim de realizar uma reportagem. Essa aldeia cujos habitantes vivem essencialmente da pastorícia, tem problema de abastecimento de água. Os pastores possuem poços profundos, que para além de se situarem longe da aldeia, exigem às pessoas dispêndio de muita força, uma vez que a extracção da água é feita à força de braços. Perante esta situação um dos repórteres perguntou ao chefe da aldeia porque é que instalavam uma bomba para tirar a água dos poços. O chefe respondeu que se instalassem uma bomba, isso significava mais água, mais água significava mais gado e mais gado significava a necessidade de mais pastagens e que se isso acontecesse, um dia não haveria água, nem gado nem pastagens.

É esta sabedoria dos povos ditos atrasados que os mantém a viver de acordo com as regras da natureza e a manter a paz e o equilíbrio natural. Mas nós, povos desenvolvidos, que vivemos com a ganância de querer sempre mais, não nos preocupamos nem com a natureza nem connosco próprios. Vivemos na ilusão do progresso e nem sequer possuímos o bem mais valioso e mais barato, que é termos tempo para viver de acordo que as leis naturais.

 

Alquimista

Alquimista que corres entre dois sonhos

Vives das cinzas que alimentam as espadas

Constróis o tempo que roda nas praças

Atravessando a noite nascida do sangue

Correndo nas almas que jazem nas pedras

Fazendo dos cardos amuletos de sombras

Morrendo no leito que nada no sonho

Vivendo no sangue que corre no tempo.

E crescemos...

Abre-se o cordão que nos ata à luz atarefada da manhã

Oníricas veias abrem-se ao leme dos tempos esquecidos

Os ventos recortam-se por dentro das memórias

As janelas abrem-se para as feridas do peito

Agarramos na espuma que ondula no niilismo das horas

Cortamos a direito por dentro da maresia

E crescemos... medramos... na insensatez que nos encanta

E vogamos dentro de um beijo terno que nos mata o fogo

Os deuses abusaram de nós... o dia aparece de repente

Vem adormecer a nossa indiferença que mastiga o medo

Na penumbra a nossa boca cresce..o olfacto torna-se um segredo

Os dedos abrigam-se dentro de outras mãos

Somos crianças acesas...a imitar velas acesas...

Abertos à indecisão de sermos fel e peso e barco

Aqui e ali misturamo-nos com a errância das ruas

Esperamos a vinda das flores que agonizaram no inverno

Embarcamos na chuva...na tumba...no amadurecer dos desertos

Cobrimos a cara com soluços de arestas nuas

Vulcão e pele de eternas lutas..esperamos milagres de vulcões solícitos

Que estúpida é a dor do vento que se disfarça de leme e mar

Iluminando a escura porta que se abre para a nossa solidão.

Vem...

Sobre ti agito a ferida que me cobre a memória

Com meus olhos mordo as pálpebras da luz que se esconde na cova da tua face

Vem... se ainda és o meu país... se ainda és a corola incolor da tarde

Se o teu nome ainda mora no fim das estrelas

Se ainda sentes a agitação da ferida mortal do silêncio

Vem...mergulhar no meu destino sem fundo

E agitar a barca do mistério...

Que voga...algures... presa a nós...sempre...

 

 

 

Só o 12ºano já não chega...

 

Portugal tem falta de doutores. Portugal é um dos países onde se pagam dos mais baixos salários. Uma coisa está ligada à outra já que quase sempre os alunos com mais dificuldades económicas são os que têm mais dificuldade na aprendizagem. Sabemos que o acesso ao ensino e à cultura são o motor de desenvolvimento de todos os países, então é preciso democratizar o acesso ao ensino superior, e para isso não é apenas necessário que os politécnicos formem doutores, é preciso apoiar todos os alunos com fraco poder económico. Para remodelar o ensino é preciso aumentar o nível de educação, hoje o 12º ano já não chega, é preciso que o ensino obrigatório passe a ter em conta a universidade ou os cursos de formação profissional, o ensino obrigatório deve passar dos actuais doze anos para quinze. Tem que ser feita uma alteração ao financiamento das universidades, os alunos não devem pagar propinas quando estão a tirar os seus cursos, devem pagá-las depois de formados e depois de terem arranjado emprego. Hoje um dos negócios da banca é emprestar dinheiro para os alunos pagarem os mestrados, quer dizer que os alunos quando entram no mercado de trabalho já estão com dívidas contraídas. Também neste caso os mestrados devem ser gratuitos e só devem ser pagos(em prestações), depois dos alunos encontrarem emprego. Podemos aceitar que o estado não tem dinheiro suficiente para suportar este tipo de ensino, mas a verdade é que esta reconversão do ensino universitário só custa nos primeiros anos, depois à medida que os alunos formados comecem a encontrar emprego e a pagar as suas propinas e mestrados, o ensino vai novamente ter uma fonte de financiamento, além disso as universidades podem captar dinheiro fazendo acordos com mecenas e com empresas. Uma coisa é verdadeira, o ensino e o sistema de ensino têm que mudar para fazer face aos novos desafios.

 

Quantas vezes

 

Quantas vezes,deitados, insones, esperamos a chegada da manhã.

Quantas vezes preenchemos a noite com milhares de pensamentos desencontrados.

Por vezes,vozes sentam-se ao nosso lado, compartilhando a nossa embriaguês de pensamentos

Vozes que tacteiam por dentro da nossa alma, que nos esventram as histórias que nunca vivemos, mas que pensamos ainda viver.

Depois, a manhã desponta. As olheiras falam-nos da noite que nos deixou um sabor acre a melancolia. Olhamos para o espelho com os olhos esventrados de tédio e frio. Aturdidos vestimos a fatiota com que vamos enfrentar o dia. O dia, aquela luz vertical que nos ofusca o olhar encoberto pelos óculos de sol, onde por detrás se esconde a nossa fantasia de sermos pessoas inacabadas.

 

Em todas as ruas

Em todas as ruas há uma espuma esquecida

Boca de coração a fingir espasmos de amor

Pairas onde nenhuma água brota... como uma pele pálida e seca

Onde as sombras vão beber a ternura de um sopro esquecido

E onde tudo o que é esquecido é uma fonte de ruas compridas...e mortas...