Deus deu-nos o mundo e a vida...
Deus deu-nos o mundo e a vida...mas esqueceu-se de nos dar o manual de instruções para desmontar o deserto que vive em nós...
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Deus deu-nos o mundo e a vida...mas esqueceu-se de nos dar o manual de instruções para desmontar o deserto que vive em nós...
Para construir pontes...é preciso derrubar muros... inspirado em Afonso Cruz
Uma vez vez participei num rally paper. Era uma coisa de amigos e claro que como em todos os rallys paper o que interessa é o divertimento. Naquele rally foi anunciado que haveria um prémio para todos os participantes, até o que ficasse em último seria premiado. Escusado será dizer que quem ficou em último lugar foi a minha equipa. No final procedeu-se à atribuição de taças e medalhas. Quando chegou a nossa vez, os organizadores trouxeram uma caixa enorme, o pessoal ficou a pensar que o melhor prémio seria o do que ficou em último, e nós também. Subimos ao palco, abrimos a caixa e lá dentro estava o nosso prémio.Era um nabo enorme... com mais de quilo e meio...claro que foi risota geral. Nós é que não nos ficámos, pedimos uma faca, cortámos o nabo em pedaços, e distribuímos pelos elementos de todas as outras equipas... e como castigo pela risota foram obrigados a comê-los.
Na página em branco descansa o silêncio das palavras
A página em branco é uma imensidão de sonhos...é uma vigilância de desertos
É uma possibilidade de mundos a rumorejar pelas margens das sílabas
Em cada recanto da página em branco há um tecer de cadeia e trama
Há um longo tecido de sentimentos a vestir as horas de quem escreve
Há um suspense...uma penetração da alma...um despertar
Na página em branco há o mistério das frases que ainda não são frases...
Mas que são sonhos de silêncio que acamam dentro de uma caneta pousada na beira de cada um de nós...
Poetas...
Perfume de mortos a acariciar a terra
A brisa sopra sobre uma felicidade cinzenta
Das margens do tédio erguem-se anos de fumo
É isto a vida....
Um sol que desce em ziguezague por entre a ferrugem dos corpos
Uma noite de pedra a calcinar os olhos
Uma felicidade que peregrina por dentro de um sopro de ar
Uma agonia que volta e meia se veste de fumo
Uma hilariante provação de vozes
Um cruzar de madrugadas sibilantes
O nada...dorme dentro do meu pesadelo
A indiferença é uma inquietação a desafiar a alma
O corpo suplica pela mentira nervosa da noite
A porta abana...as portadas abanam... abro-as...
É o vento...
Pede-me que o deixe sentar no sofá da comédia
E juntos... rimo-nos...
Dos pregos espetados no sonho dos homens...
Quero falar de tudo o que ficou por dizer
Quero falar do cansaço de quem fica à espera das coisas improváveis
E dos delírios que se acotovelam na balaustrada da noite
Onde secretos candeeiros aquecem a ternura das palavras
E os corpos são cornucópias vermelhas que dançam na finura dos néons
Como ramos de chorões que tocam as raias do paraíso...
Estou de frente para o vazio áspero do mar
No céu vê-se um segredo de chuva a empoeirar o ar
Bebo toda aquela fantasia manchada pela luz difusa da manhã
E vejo os teus olhos pálidos a erguerem-se da bruma que sufoca a luz
Ostentas lágrimas de nevoeiro denso
Caminhas por dentro da minha imagem... parada no exílio da manhã
Eu falo-te das vagas azuis
E sem esforço...vejo o infinito a amontoar-se num lago de sol
Pasmo...é a primeira vez que vejo os despojos da luz
A crescer nu mar...como uma muralha efervescente
E vejo na circulação fria dessa luz..uma circulação de sons inacabados
Como se fosse uma ária interpretada por ninfas mudas... sentadas...
Perpendiculares a todas as marés
Do fundo de mim ergue-se uma gaze preta
Que me tapa os olhos e os sentimentos
Sinto-me a descer...lentamente...por entre uma floresta de avenidas verticais
Sou agora um curso de água na deriva do meu caos
Sou uma inflamação de rostos inocentes
Que caminham debaixo de um calor tórrido
Depois... apago-me...como um estore laminado que se fecha
A todos os olhos que não me vêem.
E há aqueles que disfarçam a necessidade que sentem dos outros gostarem deles... com uma arrogância despropositada.
"E o silêncio instala-se, lentamente, entre eles e, depois, o drama".
Dostoievski
Um dia disse-te que eras um labirinto onde cabia todo o vento que do meu coração soprava
E que antes de te conhecer eu era assim como uma nudez sem pele nem ossatura
Um dia disse-te para vestires a minha pele de mar e navegares por dentro dos meus dias
Obedeceste... e os teus olhos brilhavam como duas explosões de sal a rolar pelas minhas falésias
Juntei a mãos e agarrei em todas as coisas impossíveis que a tua saliva desenhava
Vi tantas coisas em ti que me esqueci de colher os pedaços que sobravam dos nossos corpos
Disseste que eu era o Universo a entoar uma melodia de caos e silêncio
E que nas dobras da nossa rotina os peixes do aquário falavam das coisas insanas que nos viam fazer
Mas iremos longe... seremos o meteorito que aterra na janela da nossa lua
Seremos os arquitectos de um big bang sem fim nem chegada
As nossas unhas cravar-se-ão nas costas dos desertos
As flores contarão as nossas histórias que imitam a irrealidade dos dias
E também seremos a matemática das nuvens afogueadas pela maresia que voa pelos nossos cabelos soltos
Andaremos nus...com o corpo feito de um pôr-do-sol explosivo
E voaremos com as asas de um anjo aceso pela claridade dos nossos beijos.