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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O meu primeiro rally paper

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Uma vez vez participei num rally paper. Era uma coisa de amigos e claro que como em todos os rallys paper o que interessa é o divertimento. Naquele rally foi anunciado que haveria um prémio para todos os participantes, até o que ficasse em último seria premiado. Escusado será dizer que quem ficou em último lugar foi a minha equipa. No final procedeu-se à atribuição de taças e medalhas. Quando chegou a nossa vez, os organizadores trouxeram uma caixa enorme, o pessoal ficou a pensar que o melhor prémio seria o do que ficou em último, e nós também. Subimos ao palco, abrimos a caixa e lá dentro estava o nosso prémio.Era um nabo enorme... com mais de quilo e meio...claro que foi risota geral. Nós é que não nos ficámos, pedimos uma faca, cortámos o nabo em pedaços, e distribuímos pelos elementos de todas as outras equipas... e como castigo pela risota foram obrigados a comê-los.

Na página em branco

 

Na página em branco descansa o silêncio das palavras

A página em branco é uma imensidão de sonhos...é uma vigilância de desertos

É uma possibilidade de mundos a rumorejar pelas margens das sílabas

Em cada recanto da página em branco há um tecer de cadeia e trama

Há um longo tecido de sentimentos a vestir as horas de quem escreve

Há um suspense...uma penetração da alma...um despertar

Na página em branco há o mistério das frases que ainda não são frases...

Mas que são sonhos de silêncio que acamam dentro de uma caneta pousada na beira de cada um de nós...

Poetas...

 

É o vento...

Perfume de mortos a acariciar a terra

A brisa sopra sobre uma felicidade cinzenta

Das margens do tédio erguem-se anos de fumo

É isto a vida....

Um sol que desce em ziguezague por entre a ferrugem dos corpos

Uma noite de pedra a calcinar os olhos

Uma felicidade que peregrina por dentro de um sopro de ar

Uma agonia que volta e meia se veste de fumo

Uma hilariante provação de vozes

Um cruzar de madrugadas sibilantes

O nada...dorme dentro do meu pesadelo

A indiferença é uma inquietação a desafiar a alma

O corpo suplica pela mentira nervosa da noite

A porta abana...as portadas abanam... abro-as...

É o vento...

Pede-me que o deixe sentar no sofá da comédia

E juntos... rimo-nos...

Dos pregos espetados no sonho dos homens...

 

 

Quero falar

Quero falar de tudo o que ficou por dizer

Quero falar do cansaço de quem fica à espera das coisas improváveis

E dos delírios que se acotovelam na balaustrada da noite

Onde secretos candeeiros aquecem a ternura das palavras

E os corpos são cornucópias vermelhas que dançam na finura dos néons

Como ramos de chorões que tocam as raias do paraíso...

 

 

 

Do fundo de mim

Estou de frente para o vazio áspero do mar

No céu vê-se um segredo de chuva a empoeirar o ar

Bebo toda aquela fantasia manchada pela luz difusa da manhã

E vejo os teus olhos pálidos a erguerem-se da bruma que sufoca a luz

Ostentas lágrimas de nevoeiro denso

Caminhas por dentro da minha imagem... parada no exílio da manhã

Eu falo-te das vagas azuis

E sem esforço...vejo o infinito a amontoar-se num lago de sol

Pasmo...é a primeira vez que vejo os despojos da luz

A crescer nu mar...como uma muralha efervescente

E vejo na circulação fria dessa luz..uma circulação de sons inacabados

Como se fosse uma ária interpretada por ninfas mudas... sentadas...

Perpendiculares a todas as marés

Do fundo de mim ergue-se uma gaze preta

Que me tapa os olhos e os sentimentos

Sinto-me a descer...lentamente...por entre uma floresta de avenidas verticais

Sou agora um curso de água na deriva do meu caos

Sou uma inflamação de rostos inocentes

Que caminham debaixo de um calor tórrido

Depois... apago-me...como um estore laminado que se fecha

A todos os olhos que não me vêem.

 

 

Um dia disse-te que eras um labirinto

Um dia disse-te que eras um labirinto onde cabia todo o vento que do meu coração soprava

E que antes de te conhecer eu era assim como uma nudez sem pele nem ossatura

Um dia disse-te para vestires a minha pele de mar e navegares por dentro dos meus dias

Obedeceste... e os teus olhos brilhavam como duas explosões de sal a rolar pelas minhas falésias

Juntei a mãos e agarrei em todas as coisas impossíveis que a tua saliva desenhava

Vi tantas coisas em ti que me esqueci de colher os pedaços que sobravam dos nossos corpos

Disseste que eu era o Universo a entoar uma melodia de caos e silêncio

E que nas dobras da nossa rotina os peixes do aquário falavam das coisas insanas que nos viam fazer

Mas iremos longe... seremos o meteorito que aterra na janela da nossa lua

Seremos os arquitectos de um big bang sem fim nem chegada

As nossas unhas cravar-se-ão nas costas dos desertos

As flores contarão as nossas histórias que imitam a irrealidade dos dias

E também  seremos a matemática das nuvens afogueadas pela maresia que voa pelos nossos cabelos soltos

Andaremos nus...com o corpo feito de um pôr-do-sol explosivo

E voaremos com as asas de um anjo aceso pela claridade dos nossos beijos.

 

 

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