É junto ao mar que o céu se apaga e tu cresces
Eis como o silêncio se transforma numa cidade
Como o suor se apaga com o lento respirar dos instantes
E tu pensas...tu queres... tu achas...
Que o sangue que te sobe à cara é um inverno a arder no fogão da sala
Que a luta que empreendes contra os arquipélagos pejados pelos teus fantasmas
É uma festa de feras que circulam no vasto império da tua estreita rua
Como se fossem donos da tua vida..como se te expulsassem do teu silêncio
Purga...explosão...gruta em que a tua sede se explica
Magia de insecto que explode na maciez da pele
Doirada bruma...coração de relógio
Fincas os pés nas palavras e bebes o sumo da fruta divina
Tens em ti toda a extensão dos segredos...pedra de ponte azul..cambiante de margem
É junto ao mar que o céu se apaga e tu cresces
É lá que o vento te leva pela porta da verdade
Se eu existo...se tu existes...se o chão é uma brasa afogueada
Então o estalo das folhas a varrerem o ar revoltoso
É uma expressão de vida...de sede...
De punhal liso a cortar o leitoso riso dos lírios.