Ave solitária
Sobre a mesa do homem cai o tampo do Destino
E ele enche-se de dias
Dias de folhas verdes...de prados quentes
Dias de serenidade plantada no suave olhar da chuva
E vêm todas as estações do ano
E passa por ele a desolação do frio
Com gestos de paisagem ressequida
Como seios abertos ao quotidiano das correntes
Por todo o lado se estende o homem
Por todos os caminhos se desfaz de si
Em todas as esquinas morre um pouco do seu coração
Em todos os céus se eleva essa ave solitária
Esse pássaro cheio de si
Que voa em redondos volteios de nuvem assustada
Sobre a mesa do homem cai o riso do Destino
E ele floresce como um outono contraditório
Como uma vaga que decerto abarcará a lisura da praia
Onde finalmente se tingirá da fina côr anil da tarde
Essa onda imprevisível que cresce da invisível força das águas
E cresce..cresce...como um fogo que sobe ao pódio do inverno
Traz uma despedida...caminha como uma deusa aberta ao frio
Abrindo as mãos ao íntimo suspirar das fontes
Que lavam a alma carente do Homem.