Viagem
As minha pálpebras cerraram-se junto ao voo sinuoso das gaivotas
O tempo gravou em mim o espaço de uma sombra melancólica
Eu...levantei-me como quem cai sobre a ousadia de acordar desfeito
Mas... também sei que na superfície da esperança residem as sombras do amanhã
E mesmo que assim não fosse
E mesmo que no silvar dos sinos eu sentisse a imortalidade das coisas
E os pensamentos do mar desanuviassem a minha fome de alegria
Eu subiria a todas as vertentes do sonho
E descobria no cantar das velas brancas dos barcos
A viagem...o vértice....o paradoxo de ser semente de carne e osso
Que quer correr pelo rubro dos sonhos
Como um corpo despido da acidez dos dias
Que quer vogar na torrente sinuosa de uma imensa ferida
Que cobre a minha memória esfriada da infância...