Sonho ou caos na nova organização da sociedade?
Está a iniciar-se uma maravilhosa nova era, a era em que a máquina vai libertar o homem da escravidão do trabalho. O problema é que o homem vai ficar sem trabalho e sem forma de sobreviver dignamente. Pensa-se que nos próximos dez a vinte anos, quarenta por cento dos empregos vão desaparecer, e não são apenas os empregos que exigem menos qualificações, são também os empregos ligados aos sectores chamados de colarinho branco ou colarinho azul. A robótica e a inteligência artificial irão mudar o paradigma da sociedade, irão transformar esta forma de viver que agora conhecemos por outra que ainda não sabemos bem qual é. Se é verdade que nesse novo mundo laboral as pessoas não necessitarão de trabalhar mais que três ou quatro horas por semana, também é verdade que a maioria das pessoas ficará sem meios de subsistência, ou a viver abaixo do limiar da pobreza, situação que já acontece em 1/6 dos lares norte-americanos. Pensando neste futuro que esmaga e aterroriza a imaginação, a Finlândia está a dar os primeiros passos na criação de um rendimento base, garantido pelo estado, a todas as pessoas. Há quem pense que esse rendimento vai desincentivar as pessoas de trabalhar, mas porque é que há-se ser assim se de qualquer forma as pessoas não terão trabalho? Outro dos problemas é que se as pessoas não tiverem um meio de sobrevivência, também não irão consumir os produtos que a tecnologia põe à sua disposição. De facto o sonho dos empresários que é o de terem empresas sem trabalhadores está a concretizar-se, simplesmente se não for criado o tal rendimento base, esse sonho será um pesadelo. Acredito que a sociedade arranjará formas de ultrapassar esta situação, ou então será o caos, coisa que os ricos não querem nem lhes interessa.