Que quero deste mundo?
Que surpresa me consolará o cansaço?
Que sonho se absterá de me perseguir?
Olho o espelho...e o meu nome desaparece por detrás das rugas
Olho o espelho e vejo o tempo refletido no meu olhar
Sei que há um sentido trágico nas coisas
Mas também sei que há uma metáfora escondida na pele de cada um
E assim o espanto cresce...enchendo páginas com naufrágios e eclipses
Há palavras proibidas...magias de areia e música
Sopros de corações disfarçados de gaivota...chuva e despedidas
Em todas as distâncias há um enigma...uma voz a corar de errância
Uma proa que ressuscita do branco sal.
Que navio rola no teu vento de acaso?
Que tristeza vive nos relâmpagos da alma?
Que dor produz a alquimia dos desejos?
Equações cruzam o Cruzeiro do Sul
Olhos afagam o universo das algas
As mãos despedem-se dos perfumes outonais
E há rotas a florir no coração das florestas
Veredas insanas a clamar por recônditos lugares de calmaria.
Dentro do meu pulso há um mar de vento e alegria
Dentro do meu corpo reside a bússola que me traz a paz
E se eu um dia for um pequeno lugar
Uma pequena luz a cintilar na margem do tempo
Então terei cumprido a minha rota
Terei saldado os meus desejos
Serei o corpo que se ergue sobre os vendavais
A fluorescente pele da luz
Ou talvez...a ausência de uma palavra...partida...