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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Busco...sei lá o quê...

 

E vejo...a ilusão que se arrasta pelo corpo do sonho

Para lá de mim...a multidão que ofusca o nevoeiro que me cobre

Para lá das sombras...o côncavo clarão da luz a acenar-me

A arrastar o seu hálito de vida...a fundir-se na largura de um rio sem destino

A transformar-se na síntese da glória de ser o fio condutor da farsa que represento

Do meu corpo saem raízes...da minha alma caem abismos

Em mim se erguem as veias feitas de um chão que não piso

Ergo ao alto todas as derrotas...todos os infernos e todas as solidões

Semeio astros no sopro dos dias que se esvaem em espumas de sonho

E as pedras que me atiram...e as pedras que atiro...

São apenas prolongamentos dessas luzes e desses clarões que me ofuscam

Ponho as verdades que não digo nas asas que uma ave que não voa

Sólidos são os degraus que não subo

Vastos são os silêncios que não procuro

Luto para não tropeçar no fim que desconheço

Busco a brasa que me queima...aquela que não deixo tocar-me

Busco...sei lá o quê...

Talvez a aresta que me rasgue a noite

Talvez o solitário raio que cai de um sol antigo

Talvez eu próprio...

 

 

 

Rabiscar em França...

fruit-falling-from-tree.jpg

 

Na constituição francesa há um artigo que autoriza as pessoas a irem ao rabisco. Ir ao rabisco é ir apanhar a fruta que fica para trás depois dos donos dos pomares colherem aquela que tem o calibre certo para ser vendida. A outra, a fica no chão ou até mesmo nas árvores pode ser recolhida por quem queira fazê-lo. Não passa pela cabeça do proprietário do pomar proibir as pessoas de rabiscar. Há até uma regra que quem rabisca tem de cumprir, que é a de ter que manter uma distância de pelo menos dez metros, das pessoas que andam a apanhar a fruta para ser vendida. Essa fruta proveniente do rabisco, não pode ser vendida, mas pode ser comida por quem a apanha, dada a instituições ou até a outras pessoas que dela precisem. Na beira-mar também existem regras para o rabisco. Se uma tempestade faz soltar as ostras ou outros bivalves dos viveiros, as pessoas podem apanhá-los desde que estejam a trinta metros desses viveiros. Em Portugal onde tanta fruta se estraga só porque não tem a medida correcta, era útil que se fizesse uma lei parecida, que permitisse às pessoas poderem apanhar toda essa fruta que, ou fica no chão a apodrecer, ou vai para o lixo. Talvez até os donos dos pomares agradecessem se conseguirem resistir à inveja de ver os outros apanharem aquilo que eles acham que é deles e que é melhor estragar-se do que ser compartilhada