Sei que sou feito de nadas...
Desperto com a árida penumbra cobrindo a luz que oscila na minha agonia
Invento astros para não me queixar da solidão
Afio punhais nas pedras do tempo...corto a direito as palavras que se escondem
Era bom que os anéis movediços dos deuses me descobrissem
Era bom que as palavras se deixassem escrever
A mim...basta-me o verão...
E essa quimera de ser consumido pelas margens do rio onde passeio
Sei que sou feito de nadas...
Mas amanhã sei que poderei ser feito de tudo
Sei que poderei conter em mim todos os raios que rasgam os céus
Enquanto espero que o tempo se afunde no destino movediço dos astros
Esperarei também que a morte invente uma consolação ... só para mim
E os pássaros se passeiem pela minha pele gasta
Amanhã...sim amanhã...o amanhã que desgasta
E me basta...