Céu de silêncio
Não sei o que me traz este céu de silêncio
Não sei que fascínio encontro nas pedras
Que medida tem a esperança?
Que glória existe na cinza dos instantes?
Em mim...se esconde o inferno e a beleza dos cristais
Foi a mim que coube a rudeza dos séculos e a perdição dos vícios
E se levanto o olhar...é apenas para ver se as palavras se desprendem de mim
Se saem de mim...se eclodem em mim...
Como correntes feitas de ferro e cinza
Como pequenas fontes de prazer
Como perdições que rastejam para fora de minha alma
Como cantos de almocreves...dolentes...sentidos...sem idade
Estáticas... as veias pulsam no breve tempo dos astros
Anéis de ferro desprendem-se das trevas
Nenhum de nós dará o primeiro passo para a amargura
Nenhum de nós quer entoar a canção da agonia
Entre a primeira vida que houve e a primeira morte que nasceu...
Ficou a saudade...ficou a frescura de uma noite sem tempo
Ficou um caudal de mundos desconhecidos
E para além de todos nós
Para além da diluição de todas as vidas
Há os lagos onde se espelham as nossas feridas
Há abstratos cataclismos...cores nas faces...risos esbatidos
E se do absurdo silêncio se levantasse um chão dorido
Se o céu se abrisse ao nosso acenar
Com que mão o faríamos?
Se todo o nosso ser vive na ilusão geométrica da alma?