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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Peito apavorado...

Peito apavorado...gota de paixão a escorrer pela face subtil das tardes

Como se pode dizer que a esperança é a evasão morna da vida

Se avida se desencontra na trituração dos dias

E os deuses comem as promessas que nunca fizeram

Insolúvel oceano de dúvidas...abissal mistério das angústias

Que estrela nos gerou...? Que fome nos comeu a soma da esperança?

Que venham os dias...que se desocultem as lendas

Para que os céus e os olhos possam descrer de nós

restam-nos os abraços e a paz dos desencontros

Resta-nos a aventura do nosso inferno

Imortal é a luz e o espanto

Fugazes são as ideias das coisas que não sabemos...nem queremos saber

No átrio que existe no nosso peito....dançamos a valsa das coisas proibidas

Subtraímos aos sonhos bolorentos...a paixão...a eterna paixão das sombras

Instalada a alma...instalado o sangue oceânico que nos faz remar

Voguemos...como templos geniais...agitando o vento e as angústias...

 

Corre por mim a saudade

Corre por mim a saudade de um tempo em que as manhãs não tinham névoa

Hoje desci ao deserto e soube que a saudade se despede sem se despedir

Nada é mais que a luz...nada é mais que um tempo sem finalidade

Se a morte vive por dentro da vida...se o infinito se acoita nas sombras da alma

A despedida é um punhal que nos atravessa o espírito

E a morte é a infecundidade do corpo...a floração do silêncio

A partida do amor.

 

A solidão

A solidão é o que fica quando o olhar de alguém a quem amamos se afasta para nunca mais voltar. É a sombra triste que nos tapa os olhos.É o esmagamento da alma perante o sentimento de pequenez que nos derruba do nosso pedestal.É  ausência do calor do corpo e da mão que já não nos toca, levemente, como uma enseada de onde não queremos sair.

A solidão é o vazio de consolação, é a impossibilidade de voltarmos ser o que éramos antes, porque quem se afasta para nunca mais voltar, deixa marcado em nós,  a ruga de um tempo em fomos felizes.

 

 

O que é que nos prende à vida?

O que é que nos prende à vida? O que é que faz arrastar  os pés pelos dias? Serão os desejos? Ou será o sabermos que nada nos pode fazer parar? Se o nosso futuro é a eternidade, que sentimento nos faz continuar a viver? Que mistério nos faz sentir que é preciso sobreviver? Somos como árvores com raízes profundamente enterradas na vida, ou como girassóis sempre na procura de uma luz que nos leve até para mais além do mistério, que afinal somos nós próprios

Viver é banal, morrer é banal, tudo não passa de uma imensa banheira cheia de banalidades e de escuridão.Escuridão que nos cega e que nos faz viver. No fundo vivemos dentro de um imenso poço, que vagueia dentro de uma imensa galáxia solitária. Vivemos num mundo de bonecas russas, esperando sempre que nos saia a última, aquela que nos vai ensinar o mistério e que também nos vai devolver à vida e à morte, porque se alguém soubesse o que é a vida, também saberia o que é a morte.

Somos a morte, somos o norte, somos dignos seres sem eira nem beira. Sempre sós.

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