Razões desconhecidas...
Pela garganta dos dias escoa-se a voz do mar
O vento tece deuses na ondulação dos cabelos
Digo-te que as minhas nãos agarram as miragens
E pegam na sombra do mundo com a mesma fé com que nasci
Secretas fontes escorrem onde o tempo não passa
Inertes os braços...vazios os frios...
O tempo divide-se entre uma estátua cega e um claustro devorado pelo boiar das luzes
Todas as indecisões se erguem do fundo das imagens coladas ao poente
Todas as vontades se dividem numa beleza de ondas cadentes...insólitas
Podemos criar um rio com as frestas do nosso sangue
Podemos criar um vento e espalhá-lo pela lembrança de um nome
Podemos até...criar uma injustiça e um nojo
E buscar na face distante dos outros a linha imaginária que não nos leva a lado nenhum
Mas procuramos sempre a linha que nos divide
Na madrugada que nos lavará da perdição dos astros.
Obscuras cidades tecem brancas lendas
Belas palavras constroem mundos de angústia
Outras...são apenas gestos de sílabas atónitas
Que se encostam à noite...como primaveras...
Ou como razões desconhecidas...