Homens....e nada mais!
E nós ...os que vamos por aí de mão dada com a vida como crianças que vão para a escola
Aquecendo os nossos corpos com o sol que nos queima os olhos
Não sabendo que dia nos escapa pelas mãos cobertas de salmoura
Nem perguntando ao amanhã que trilho devemos percorrer
Olhamos a nostalgia com um divertimento de bêbados.
De nós...pingam atraentes verdades e falsas filosofias
Deixamos o riso correr pelas esquinas do coração
Comendo e bebendo os mistérios que o fogo encerra
Como se nos olhássemos a um espelho feito de falso vidro
E que à socapa nos deixa transparecer fios de alma em cada ruga deslavada
Caminhamos...somos pessoa educadas que deixam passar primeiro a vida
Depois...
Fechamos a porta que nós próprios abrimos e vemos um velho sentado numa pedra
Esse velho pertence a um remoto tempo que se libertou do inverno
E é agora um véu de fumo a encadear o caminho dos outros cidadãos
É agora uma antiga asa de borboleta descolorida...uma coisa...se assim se pode dizer
Há certas paisagens que nos caem nos olhos como se desenterrássemos a nossa alma
Alguém que acha que os caminhos são inúteis e que bastava haver apenas um
Onde o próprio vento falasse de primaveras inacabadas e verões de cal
Lavando as searas e fazendo-as respirar o calor amorfo de um tempo que nunca acaba
Disse-me que bastava haver um pássaro colorido em cada espiga
Para que o mundo tivesse o tamanho que cada um lhe quisesse dar
E que os seus sonhos são escarlates...
Como se fossem gerados por um deus arrependido
De nos ter deixado cair na tentação de sermos homens....e nada mais!