Onde existe um rio...
Onde existe um rio... vive uma margem curvada pelas águas
Onde vive um desejo há uma semente a crescer
Caminhamos pelo início das coisas como quem segue pelo nascimento de um rio
Somos perfeitos....mágicos... sentinelas de uma vida erigida em solo sagrado
Das sombras brotamos como lápides....as janelas ocultam as nossas mágoas irrefletidas
Somos segredos desfeitos...paredes partidas...
Dissimuladas em amáveis risos intemporais
Quem nos conhece não sabe que neste nosso exterior habita uma outra sede
Uma outra forma de desespero...inato...insano...inexorável...
Castigamos o nosso corpo em busca da nossa fonte da vida...
Disfarçados procuramos ser aquele que nunca seremos
Erigimos passados...abraçamos embaraços...manipulamos os risos e os ritmos dos dias
No fundo de nós...desvanecem-se sentimentos...nomes....causas...fedores
Somos ambíguos como os dias passados...resta-nos os gestos...as marcas...
E a amável humildade de percebermos que desgastamos os corpos...fracos...
Indefesos...perante a sonora gargalhada do tempo.