Anónimos desejos
Anónimos desejos percorrem-me a pele
Se for preciso aprenderei a cerrar os olhos...a construir paredes
Ah....e também aprenderei a perceber a fonética do mundo
Depois...talvez tenha uma ideia...um sonho sem esperança...uma ilusão
Depois...quem sabe...serei um meridiano a assomar a um sol imaginário
Viverei como vivem os parasitas...nem pequeno...nem grande
Apenas um homem...civilizado...a erguer-se como um troféu por dentro da sua hemostasia
Lá ao fundo da rua... esperará por mim uma hipótese de contentamento
Desfazendo-me da minha imobilidade de argonauta sem tesouro
Deslocar-me-ei por dentro dos enredos...como quem constrói cenários fantásticos
Da minha apoplexia nascerá de uma veia que se fartou do sangue
E uma maré de cal...apagará a minha sentença de morte...irónica e despretensiosa
E...um fogacho de mim iluminará o espaço...sempre o espaço...
Para sempre o espaço...a acenar.