Sem pensar em nada!
Há um fogo brando que me ausenta os dias
Sinto uma breve febre de ser luz
Assomo à varanda que me mostra o exausto sonho
Onde sopra um cansaço de maresia
E assim...firme...ali estou...
E assim firme...ali descanso...
Pousam os meus olhos na folhagem das garças
Deslumbra-se a minha alma com tudo o que me escapa
E firme ali fico...como se não ficasse
Despojos de mim sopram pelas horas
O meu corpo ancora nas margens dos telhados
E das janelas saem brilhos avermelhados
O sol quer ser um joalheiro de preciosas luzes e de fados
Na distância brilham águas estreladas
Prata...cinza...branco... salgado que veste a vida das gaivotas
Daqui...lanço os olhos às memórias
E vejo-me...descalço....feliz...neste rio onde me banhei
Sem pensar em nada!