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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Sem pensar em nada!

Há um fogo brando que me ausenta os dias

Sinto uma breve febre de ser luz

Assomo à varanda que me mostra o exausto sonho

Onde sopra um cansaço de maresia

E assim...firme...ali estou...

E assim firme...ali descanso...

Pousam os meus olhos na folhagem das garças

Deslumbra-se a minha alma com tudo o que me escapa

E firme ali fico...como se não ficasse

Despojos de mim sopram pelas horas

O meu corpo ancora nas margens dos telhados

E das janelas saem brilhos avermelhados

O sol quer ser um joalheiro de preciosas luzes e de fados

Na distância brilham águas estreladas

Prata...cinza...branco... salgado que veste a vida das gaivotas

Daqui...lanço os olhos às memórias

E vejo-me...descalço....feliz...neste rio onde me banhei

Sem pensar em nada!

 

 

Não!

De cada vez que um fascínio se levanta na madrugada

De cada vez que um fogo se acende no peito

Logo salta um tumulto de geada

E um segredo se acolhe na frente entreaberta da estrada

E já lá vem a tempestade desabitada

E aqui chegam ecos de outras fantasias

E aqui se erguem enseadas

E aqui se ouvem as falas de outros dias.

 

Mostra-me essa chama que se cala

Come-me esse tempo que se diz

Metáfora do que foi a chuva rala

Metáfora de gente e de verniz

Que uma força sustenta a fantasia

Que um choro se mostra em cada chão

Que gente se esconde na agonia

De ser apenas gente

Pendurada na beleza feérica do... não!