Dissolve-se o céu na minha fantasia

Nómada de mar e profundo azul

Pergunto pelas asas da alegria...

E subo...subo...pelas frestas da minha agonia...

Enfeito o meu cinzento com sorrisos

Enfeito o meu caminho com leves asas

Pergunto por mim ao sonho que não tenho

E subo...subo...ao encontro das janelas e das casas...

Lá onde se plantam segredos e suspiros

Lá onde os pássaros dão flor

Lá onde arde a tela em branco

Subo...subo...pelos silêncios de um sol ...sem cor...

Há dias que o vento é mais longo que o normal

Há dias em que o sol açoita a febre das papoilas

Nesses dias....sentamo-nos na sombra mais longa do passeio

Aproveitamos os pequenos gestos de quem passa

Sentimos na tentação do sono

A nossa queda nos espaços...

Somos corpo e abandono.

E...do mistério que se levanta aos nossos olhos

Sabemos que nos espera um mar de espelhos

Onde uma sede de nada ...oscila nos nossos braços

E a fome de ir mais longe... arde... nos nossos passos...

Tenho uma amiga que todos os dias vai em stress para o emprego porque tem que levar o filho à escola. O absurdo disto é que o filho anda no secundário e a escola fica a apenas 400 metros da casa dela. Ela não anda a pé e como tal  também não habituou o filho a fazê-lo. Mas não é só ela, é que com o filho ela leva mais três colegas dele que moram perto, e por vezes tem que esperar por algum deles. Isto pode servir de parábola aos tempos modernos e ao uso do automóvel. O carro, que foi inventado para dar mobilidade às pessoas, transformou-se, devido à preguiça em andar a pé, ou em transportes colectivos,numa prisão. Sempre que vejo as pessoas, todos os dias,nas filas, presas nos automóveis e presas aos automóveis, penso que esta sociedade vive num tempo errado. E como se vive numa era onde o individualismo é a regra, o carro vem proporcionar esse afastamento das pessoas da vida em sociedade. De uma coisa não tenho dúvidas, temos que alterar os nossos padrões de vida e o carro não escapará a essa mudança.