Um outro tempo
Falta-me qualquer coisa que não sei
Talvez uma vaga...uma manhã...um sol a aquecer-me o olhar
Falta-me uma árvore onde possa descobrir as raízes dos dias
Posso dizer que já vi muita coisa...e que muita coisa foi demais para a minha vista
Já vi em cada recanto do mar...uma doçura e um fastio de algas azuis
Já sei que em toda a parte os poetas se sentam nas palavras... e depois calam-se
Contemplam o rasar da luz pela tarde
Esquecendo-se do que está por detrás do parapeito das janelas
Mas também...quem quer saber o está por detrás das janelas?
Quem se importa com cortinas de chita que tapam a luz que sai das casas?
Quando um dia...o poente acordar na cama serena do mar
Então já não será poente...será um outro tempo...a acenar...
E o poeta terá toda a vida...para entardecer...