Quem sabe!
Tenho uma cadeira onde sento os sonhos
Tenho um peito onde escondo as sombras
Tenho uma secreta esperança de um dia poder crescer dentro de uma carícia
E fazer de mim um elíptico mar onde me seja possível construir silêncios
Há por vezes em mim uma solidão de absinto...um sabor a terra...
Sei...que há tantas solidões como quartos...ou camas...ou apenas olhares
Sei que há ecos que são mais que ecos...são aves a soçobrar...estrelas a cair
E o inverno a descer pelas colinas...a enverdecer os campos..a rasar as casas...
A falar de outros frios que aí vêm...sóbrios e fartos como a chuva
Ou como a face deserta das cidades...
Se eu pudesse tocar na loucura...só para senti-la como a sentem os loucos
Se eu lá encontrasse um caminho perdido...
Seria também louco...ou seria uma sentinela a guardar o destino...
Que encontrou um insignificante bafo de luz que me iluminou?
Quem sabe!