É tarde..
É tarde..o silêncio cresce...a boca devora a ignorância do vento
Hoje não quero ver o sol...hoje quero ser o sol
Lamento...mas não posso iluminar o abandono dos outros
Hoje apenas posso ser a cadeia que aprisiona as coisas sem valor
Ignoro quem passa...falta-me a paciência para ser pessoa
Pressinto que há uma alma em cada árvore
Um morto em cada estalada do vento
Um corpo quebradiço...estalactitizado...como se fosse o começo brando dos jardins
Um corpo feito pedra...cheirando ao húmus dos pinheirais
Que ressalta de censura em censura...até chegar à frescura do ocaso
Onde me espera a derradeira pluma do sol...