A floração dos corpos
Acordo e alguém me diz: envelheceste
A noite condensou-se no gelo que bebeste
O corpo permaneceu...sagrado
Por fora...coberto de presságios...por dentro...
Rasgado.
Imóvel...intacto...
Semente de palavras esquecidas
Constato que a felicidade brilha no astro que se espreguiça na água do lago.
Cobre-me a noite...cobre-me a vida
Estranhas asas em mim desfalecem
Como se a eternidade fosse sentida
Dentro de sentimentos que não permanecem.
De bom grado aceito o espelho onde a noite se instala
De mim...nada lembrarei um dia
Nem o frio aquático da inocência
Nem as asas furiosas da bala
Nem a semente que me arrasta para os espaços
E que cresce dentro da carcaça da minha melancolia
E se encosta à minha eterna dormência...
Feita com os meus olhos já gastos..
Diz-me o que ficará das nossas falas
O que restará das nossas conspirações
Entre o outono que vem e a estrela que cai
Que espaço nos resta para a floração dos nossos corpos?