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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

A nova sociedade

Estamos a caminhar para uma nova forma de sociedade. Uma sociedade onde tudo é virtual. A verdade, a realidade, o relacionamento social, a democracia, já deixaram de ser certezas para se tornarem em algo que não sabemos muito bem o que é. Hoje muito dificilmente sabemos onde nos situamos, porque há sempre a possibilidade de sermos manipulados pelo aproveitamento que se faz das pessoas através das tecnologias. A própria comunicação social não está isenta de culpas, já que o seu objectivo único não é informar, mas ganhar audiências. E são os jovens os mais atingidos e mais propensos à desinformação, uma vez que a maioria desconhece a história. Não é por acaso que estão a emergir as extremas direitas fascistas, isto só é possível por desconhecimento e também por esquecimento do que se passou ainda não há muitos anos atrás.

 

Arrepio.

 

Moro numa espessa camada de tempo

Ato-me à imensa fantasia da noite...

 

Quando estava triste...de mim pendia um doce sonho

Partir para os recantos mais remotos...e soltar um agudo grito de liberdade

Hoje...não preciso do grito...tenho o frio do inverno por companhia

Hoje...já sei o que sinto...e nada me soa a passado...

Hoje...sento-me ao meu lado...

E vejo como tudo mudou.

 

Falar de mim é o mesmo que dizer que a mim me falto

É o mesmo que nascer numa pintura de Dali

É o mesmo que vogar numa onda desconhecida

E sentir que estou mesmo...ali...

 

Hoje de manhã juro que vi a orla do tempo a passar

E que nesta neblina feita de barcos e vidraças

Mesmo lá por detrás...

Estava a velhice a acenar...

E o mar...esse mediterrâneo insaciável

Esperava...sempre... ver-me passar.

 

Mergulho na luz do fim da tarde

Como quem levanta os olhos para o espanto

Fissura de mim...catedral de paz...

Onde está essa tela que adivinho ver

Onde está o rosto que adivinho ser...

Teu...

 

Há uma tragédia em cada pássaro

Há uma deriva em cada retrato

Há uma terra calma..em cada alma

E uma hora branca em cada frio

E dentro de mim um...arrepio.

 

 

Bebo o mundo..

Bebo o mundo...fixo os olhos...e ali estou

Sou a pedra rugosa do silêncio...onde me sento para falar..

Comigo.

 

Deixo-vos aqui o meu retrato...a minha alma submersa

Sei que todos têm consigo a pressa das manhãs

Mas para que me serve...para que me interessa?

Se tu te levantas e eu me afasto...que nos resta?

 

Se te encontras no rio que entardece

E uma alegria sobe pela maré

A noite foi uma fotografia...muda

O dia... uma força a esconder-se na alma...desnuda..

Que o sol ternamente...aquece...