Fugir da teia do mundo...sacudir da pele a angústia
Erguer-me do frio...como uma conspiração de sombras.
Não me quero dissolver em alçapões ou em cantos de pássaros
Quero tocar no enredo do mundo e perceber a minha própria luz.
E vem sempre comigo este brilho de incêndio...esta voz.
Compreendo os becos e ardo no pergaminho ardiloso do silêncio.
E é então que toco na ferrugem da lua
E é então que absorvo a matéria intemporal...da terra...
Pego na água...raso de alegria
Impura treva...travo de ardil...
Vestido de luto...compro a Vida.
Nas tílias... nos montes...no roçar dos prados
Há um cheiro de húmus...um caminho perfumado
Uma leveza de ouro...um tempo parado...
Também do chão se erguem destinos
E das acácias se desprendem flores
Concílio de vida..espuma de deuses...mortos...
Nas labaredas da boca se queimam os sonhos
Da cinza do céu sobraram as estrelas
E nós..sozinhos a entoar esperas...a acontecer nas ruas...
Como se vivêssemos só agora
E depois fôssemos o sangue...a foice...que nos corta alma
E nos atira à cara a resposta que procuramos
Aquela que nunca saberemos
Mas que levita em nós...como uma fonte...
Como uma brasa...que nos arrasa.