Ilusão
O desejo espia a escuridão onde um diorama solitário sobrevive
Penetro nessa ilusão de imagens acesas...e perco-me na minha densidade
Traço a minha imagem sem contornos caligráficos
Obedeço à minha pele que seduz o silêncio
Parco xisto a vibrar nas veias....a abarcar a calamidade dos ossos
Que se desfazem na turva emoção dos sentidos
Como pressentimentos sem eco nem beiral.
Podia evitar muita coisa...se quisesse
Mas prefiro acoitar-me na minha indolência de gato
E espreitar por entre as estrelas...o negro abismo da minha vida
Seria muito simples dar um sinal de mim
Seria até muito original mostrar que estou vivo
Que os meus olhos são sólidos...e o meu espanto um sinal de existência
Mas prefiro decorar os meus dias sem a noção das horas
E transformar-me em qualquer coisa simples...arguta
E sintomaticamente desinteressante...