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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Mar cavo...

Avanço como uma dor que dispara sobre os vestígios da névoa

Lisas aves desembocam num filtro de luz

E sei...que se adormecer...poderei inventar o sonho

E espiar o frio que cresce nas flores

 

E depois...há as verdades comentadas em esplanadas

E depois...bebe-se o lento espargir das tardes

Como se cavássemos uma parede

Feita com os traços passageiros de quem passa.

 

Por momentos respiro pela brusquidão cava do mar

Perco-me no ir e vir abandonado das ondas

E nada sobra de mim...

Dialectos...

Nestes meus olhos desfizeram-se os mundos

No clarão das folhas diluíram-se os dias

Nas pedras construíram-se inacessíveis poentes

E mesmo assim ainda fui eu...

 

Há um dialecto inexorável em cada ruga

Poeiras raras repousam nos corpos cansados

Onde vestígios de verdades desfilam

Imolados na febre ansiosa do mar...

 

Porém...não há amarras na penumbra dos lagos

A solidão serve de tapete a quem se gasta

Os céus adormecem na ternura dos lírios

E os homens murmuram palavras de inquietude

Enquanto as nuvens se desgastam no mistério inútil dos céus.

 

Adormeci numa ondulação de searas

Ergui depois o rosto e cumprimentei as pedras

A brisa alisava a minha breve constelação de pássaros

Eu...indiferente...perfilei-me na chuva que caía...ácida...descomunal...

Como uma prece perdida num universo de trigo...