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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Teia

No fino fio a teia encrespada

Na súbita folha a queda dos olhos

Aspiro o rasto do nevoeiro

Despenho-me nas asas de uma borboleta

E abraço a salinidade do crepúsculo

 

Clandestinas flores espalham perfeitos aromas

Metafísica de estrelas a tecer rios e nuvens

No pólen do destino abraço o mar

Nada me importa..nem sombras nem cadáveres

Prefiro esperar os relâmpagos do sonho

E ser um chão de sol que podes pisar

Ao mesmo tempo que os fantasmas deambulam pelo meu corpo.

 

Quero acender luzes no colapso das andorinhas

Aspergir as folhas ressequidas das avencas

Dizer que existo como um corpo ou um lago

E atar o meu destino...ao rio que me atravessa

E leve...leve...se apaga em mim.

Cedências...

Cedo-te o meu tempo e o meu outono

Cedo-te a casca de cada árvore onde impera o meu nome

Cedo-te os segredos do deserto onde o tempo não tem ferrugem

E cedo-te a faca...com que me arrancarás da fome do mundo.

 

Em cada palavra uma presença

No meio das ervas o meu sono

Na folhagem da carne o meu impropério

Debaixo dos meus dedos...a magia dos afagos

No adormecer do corpo a irrealidade...do sonho.

 

 

Não me peças flores nem justificações

Deixa-me viver na flora matinal da luz.

 

Sinto a alegria a dissolver-se numa flauta de estrelas

Mergulho nos erros entrançados em naufrágios

Como se os meus olhos imaginassem o voo das giestas

E vissem pássaros nas flores entumecidas do esquecimento.

 

Dos labirintos erguem-se idílicos ventos

Em cada folhagem a solidez da sombra

Se tudo vive na respiração do céu

Também eu vivo num candelabro de contornos impossíveis

Que os meus pés pisam

A minha imaginação desvenda...

E os meus olhos...creem.