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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Gaveta de papel...

Ateio a fogueira onde crio os sonhos

Barricado em abismos que transponho.

 

Do bafo das árvores espreitam as noites

Sentado no destino enlouqueço os jardins

E a morte...disforme...aquece o cachimbo

Onde as estrelas se acendem

Onde os espelhos se apagam

E as bocas se inquietam...

 

Recomeçar no silêncio...

Como o primeiro homem sentada na última pedra.

 

Fixo o meu olhar na rua...

Nem eu nem mais ninguém aqui está

Resta-me este riso com que descarno os dias

E aquela ponte para atravessar o mundo.

 

E foi agora...mesmo agora...

Que um princípio de luz se cruzou comigo

E me mordeu...com dentes de cristal...

Que eu guardei...na minha gaveta...

De papel...

Absoluto

Também tu me embalas como quem esquece a noite

Também tu me enredas nesse cravo apontado ao pensamento

Tu meu teorema assombrado...tu minha pele...

Tu meu medo e meu segredo.

 

Na minha orla decifro o vazio dos instantes

Nas covas das faces decifro lendas e palavras caladas

E eu só quero aproveitar aquele momento

Em que os relógios se erguem...e me mostram

A limpidez do frio que sai do gelo das plantas

Para me eriçar a sede de ser...homem.

 

Sim...saltei para a escuridão e confundi a noite

Era mais um a tocar os seios nus do silêncio

Era mais um a não querer apodrecer na geometria dos dias

Era apenas mais um...a querer o que não sabia.

 

 

Deixei que uma fonte cantasse para mim

Teci inocências junto à água

E tive a sensação de tocar o absoluto....