Os faróis
Nas belas enseadas mergulhamos as ausências
Na prece das tardes afundamos o asco
Existimos como ventos expostos aos bafos das praias
E vamos...de luz em luz...recebendo o murmúrio das cidades.
Tenho na boca o sabor dos astros mortos
Habito na densidade de um tempo destoado
Jamais serei a nuvem branca nem o vil quartzo
Jamais abrirei a porta da sombria realidade.
Nas minhas falanges desagua a espuma dos nadas
Nas minhas falanges crescem palavras sem poemas
E eu...falo de mim próprio como se fosse um chão
Que precisasse de pisar...
Despejo gritos onde a pedra se destapa
Dentro do granito dormem os instantes
Que ficaram para além do tempo.
Se eu falasse do que sei...só falaria de nadas
Pois só conheço as ruínas das águas
E a luz circular dos faróis.