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folhasdeluar

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Depois..

No pino mais alto do dia... construí um mundo

Na vertente mais inclinada do mar desabrochei em cascatas de côr

Depois...foi só esperar...

Que uma bandeira de flores se agitasse ao sonho

E o vento me chamasse...por dentro do meu remorso

De ser tarde e breve alma...desfocada...

Enfeitada com a indiferença do sangue escoado...

Pela campina que entardece...

Outros mundos...

Se me disseres que na côr dos poentes ardem febres

Se me disseres que para além do mundo ainda resta uma longa estrada

E que as trovoadas ecoam na lonjura dos vales

Se me disseres tudo isso...eu então respondo...

Que não há nada melhor que a calma de uma tarde

A espairecer dentro de nós...

E estender-se dentro de nós...sôfrega do nosso corpo...

Como se o mundo morasse na luta que travamos com o olhar

Não para descobrir...mas para inventar...

Outros mundos...

 

Esperam por ti...

Arrastas o triste dia pelo cunho das ruas

Onde um sol de lobos amolece a alma

Não és mais que um arrastar de mundos

Onde és pegado pelos cabelos

Em direcção à vingança do futuro...

E se te ergueres como uma bala nua

Despreza o tempo...grita na rua...

Porque sabes...que todas as securas das marés...

Esperam por ti...

 

Guarda o teu segredo na terra despida.

Tu que amoleces os sonhos em charcos de lama

Que secas a pele na quietude colérica dos dias

Acorda a carne...alimenta essa tua imberbe placidez

Com a secreta secura das lágrimas

Com a virtude perdida...num poço de fundo opaco...

Onde a luz não chega...e as estrelas não encontram espaço...

 

Despedaça o teu corpo nessas escuras estradas

Dobra este sol com a tua implacável vontade

Não deixes que os rios sequem nas tuas mãos

E...mesmo que os olhos tremam como vagabundos do silêncio

 

Guarda o teu segredo na terra despida.

Asas

Neste lugar pejado

Com gritos de búzios e risos de sol

Pés marcados na pedra

Alma e coração nas nuvens.

 

Asas de insónia na verruga da noite

E o espanto de fragas

Pelos cabelos de criança

A repousar num chão de lua

A esperar a curva do dia

Com esfarrapados silêncios

Que calam a miséria da secura dos olhos...

E a fome de luar...

Pedra..

Ai este espanto a calar a verdura do vale

Ai esta pena de pedra a estalar na carne

E este sussurro da luz a ecoar no coração

E este frio a entrançar a pele

Estas asas de grito a bordejar a lonjura do espaço

Ai como eu ardo...como fumega a minha nostalgia

De não ser mais que uma pedra...

E poder voar..

O pássaro confuso...

Conheço um pássaro que vive confuso

Não sabe do tempo...não sabe do mar...não sabe do mundo

É um pássaro de cores... tem penas luz....vem do nevoeiro

Eleva-se no ar com asas de vento

Sempre a assobiar...sempre a divagar

É um pássaro que voa por dentro do tempo...

Mas não sabe que além... há um mar todo azul

E vive na ideia... de ser um pássaro...

Que voa... num céu de veludo

Sem limites nem chão...tem tempo para tudo...