Luas incandescentes...
Habito as mil paredes de um tempo antigo. Percorro desertos e saudades. Divido-me em linhas de águas puras. Espelhos febris despontam em cada claridade. Jardins e veredas mergulham na minha imaginação. E...há o perfume da hortelã. Há o silêncio de um terraço. E há uma porta aberta em cada mergulho no mar . Que ali está...perene. Entre brisa e nevoeiro. Solitário como as algas. Baloiçando em ondas de abraços. Atlânticos. Vastos...como o espaço que medeia entre a praia e o ecoar das tempestades.
E mais além o vento passa. E mais além um vulto desaparece. E mais além está o nevoeiro...onde tudo acontece. De um azul pleno é o mar . Roncando sobre rochas onde silêncios espreitam. Perfeito é o momento. Grave é a solidão. Misterioso é o jardim onde subaquáticas flores dançam. Em espirais indolentes. Em fulgores de medusas transparentes. Em mastros de caravelas e poentes. Enquanto dentro de nós...se desmancha a voz...de breves luas incandescentes.